O médico Renato Castro vai deixar a direção do Hospital Regional de Joinville para assumir a superintendência de hospitais públicos estaduais, cargo que ocupará na Secretaria de Estado da Saúde, em Florianópolis. A decisão foi do secretário estadual Dalmo Claro de Oliveira, junto do vice-governador Eduardo Pinho Moreira e do prefeito Udo Döhler, todos do PMDB, e foi aceita por Castro.
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O secretário e Castro garantem que a transferência não tem relação com os desgastes sofridos pelo hospital no início do ano e com ações judiciais questionando a falta de clínicos no pronto-socorro, o que levou a unidade a dar atenção apenas aos casos graves.
– A vinda dele à secretaria é uma promoção, um reconhecimento pelo trabalho dele -, diz Dalmo.
Castro diz que aceitou um convite e não se afastaria do Regional por conta própria.
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– Eu não teria por que deixar a direção, porque vinha sendo atendido pelo secretário nos meus pleitos. Minha transferência partiu de cima e aceitei porque é uma forma de ter um poder maior para melhorar os hospitais estaduais -, declara.
No lugar de Renato, quem assume é o atual diretor técnico, Hercílio Fronza Júnior. Ele diz reconhecer a responsabilidade do cargo, principalmente em relação às cobranças judiciais, mas que a proximidade com Renato e a afinidade de pensamento com os gestores estaduais o levaram a aceitar a missão.
– Minha meta é elevar o nível técnico-científico do hospital, direcioná-lo cada vez mais à sua vocação de atender a casos graves e lutar para que ele se torne um hospital de ponta em suas especialidades -, afirma.
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Renato Castro ficou dois anos à frente do Regional e o cargo em Florianópolis será o primeiro que ocupará na Secretaria de Estado da Saúde. A exoneração de Castro saiu no “Diário Oficial” de quarta. A nomeação ao novo cargo ainda não foi publicada. Por enquanto, Hercílio ocupará cumulativamente o cargo de diretor-geral e de diretor técnico.
“Terei poder maior de contribuir” – Entrevista com Renato Castro
Renato Castro, 65 anos, é médico anestesiologista e esteve à frente de vários cargos de comando da Saúde municipal, como a direção do Hospital São José. Também é criador da primeira residência médica da cidade.
AN: As ações judiciais contra o hospital contribuíram para o senhor deixar o cargo?
Renato Castro – Não. Eu não tinha motivos para deixar a direção, estava sendo atendido pelo secretário Dalmo em todos os meus pleitos. A decisão veio de cima e aceitei porque acredito que, na superintendência dos hospitais estaduais, terei um poder maior de contribuir com melhorias.
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AN: Que balanço o senhor faz da situação atual do Hospital Regional?
Renato Castro – Estamos pensando em marcar uma entrevista coletiva, eu e o doutor Hercílio (Fronza Júnior), talvez na próxima semana, para esclarecer os fatos e passar dados mais precisos desse balanço. Não teria como fazer uma avaliação precisa, justa, destes dois anos à frente do Regional, por telefone, em poucos minutos.
AN: Tem alguma missão específica no cargo que ocupará em Florianópolis?
Renato Castro – Vou cuidar da melhoria de todos os hospitais estaduais, o que admito que é um desafio gigantesco, pelas necessidades que temos. Mas tenho que assumir primeiro e, junto do secretário Dalmo, me inteirar da situação das unidades no Estado para podermos trabalhar um planejamento para as questões a serem enfrentadas.
“As melhorias vão aparecer” – Entrevista com Hercílio Fronza Jr.
Hercílio, 59 anos, é médico intensivista e servidor do Hospital Regional desde a década de 1980. Já ocupou cargos de comando na Saúde municipal e no Hospital São José, antes de se tornar diretor técnico do Regional, há cinco anos.
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AN: O senhor falou da vontade de se desligar do hospital em meio aos problemas no atendimento. Por que aceitou esta responsabilidade?
Hercílio Fronza Jr. – A responsabilidade é grande, mas tenho afinidade de pensamento com o doutor Renato, o secretário Dalmo, sobre o que é preciso para melhorarmos. Aceito o cargo pela relação com o dr. Renato, por acreditar na saúde pública e porque as melhorias vão começar a aparecer, com reformas, ampliações e contratações.
AN: Passar a administração do hospital a uma OS (Organização Social) está em suas metas?
Hercílio – Esta é uma decisão que cabe ao governo. Independentemente do modelo que seguirmos, se por meio de OS ou público, minha meta é elevar o nível técnico-científico do hospital, direcioná-lo cada vez mais à sua vocação de atender a casos graves e lutar para que ele se torne um hospital de ponta em suas especialidades.
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AN: O fato de Renato Castro assumir um cargo em Florianópolis ajudará o Regional?
Hercílio – Acredito que sim. Ele tem ótimo diálogo com o secretário, tem uma visão abrangente das necessidades dos hospitais estaduais e sabe os caminhos para melhorá-los. Nossa proximidade também é um fator que deverá fazê-lo atender nossos pleitos.