Alvo de operação da Polícia Federal (PF) na última terça-feira (12), o fisiculturista e influenciador Renato Cariani teria usado o nome de grandes empresas para maquiar um esquema de venda de produtos químicos para a fabricação de drogas. De acordo com informações do Fantástico, o influenciador chamou a atenção da Receita Federal ainda em 2015, com duas notas falsas emitidas para a farmacêutica inglesa AstraZeneca, além de ter trocado e-mails com um suposto representante da multinacional.

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Cariani tem mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, onde sugere o consumo de suplementos como whey protein e creatina. No entanto, segundo as autoridades, ele vendia secretamente produtos para a fabricação de crack e cocaína.

As investigações da PF mostraram que a Anidrol, empresa de Diadema (SP) da qual Renato se tornou sócio em 2008, vendeu produtos químicos controlados para o tráfico mascarando esses desvios como se tivessem sido transações legais com grandes indústrias químicas, como a AstraZeneca.

A polícia fez uma estimativa desses repasses para o crime, considerando apenas as transações fictícias para uma dessas empresas. Segundo a investigação, a Anidrol vendeu:

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  • 2.050 litros de três tipos de solventes, que podem produzir 1.640 quilos de cocaína
  • substâncias em pó que podem servir para adulterar a mesma droga e poderiam produzir 15,8 toneladas da droga
  • 4.875kg de fenacetina, que podem gerar 12,2 toneladas de crack
Toneladas de drogas teriam sido produzidas com os produtos químicos fornecidos pela empresa Anidrol, do qual Cariani é sócio desde 2008 (Foto: Divulgação, Polícia Federal)

A Anidrol chamou a atenção da Receita Federal em 2015, com duas notas emitidas para a a AstraZeneca. A multinacional, no entanto, disse que os produtos referentes às notas jamais ingressaram em suas dependências e que nem compra a substância de um fornecedor nacional.

De acordo com a investigação das autoridades, todo esse material ia para as mãos do tráfico. Em outra operação, em 2016, a Polícia Civil encontrou produtos da Anidrol com um traficante.

Entenda a investigação que tem como alvo o influenciador Renato Cariani

O depoimento de Renato Cariani à Polícia Federal está agendado para esta segunda-feira (18).

Troca de e-mails de Cariani com representante da AstraZeneca

Ao ser investigado pela Polícia Civil no caso das notas falsas, Cariani apresentou uma troca de e-mails com um suposto representante da AstraZeneca, Augusto Guerra, que assinava como diretor nacional de compras da multinacional.

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Desvio de insumos do qual empresa de Cariani fazia parte teria movimentado R$ 6 milhões, diz PF

O inquérito nunca chegou a descobrir quem seria Augusto Guerra e foi arquivado no início deste ano, mas a Polícia Federal descobriu que quem fazia os pagamentos das notas eram pessoas diretamente ligadas a um amigo de Renato Cariani chamado Fábio Spinola.

Duas notas falsas em nome da AstraZeneca foram emitidas pela Anidrol (Foto: Reprodução, Fantástico)

Segundo as investigações apresentadas pelo Fantástico, foi Fábio quem criou o e-mail falso do personagem Augusto Guerra. Os dados estavam no celular dele, além de dois recibos bancários de pagamento da criação desse e-mail.

Fábio foi alvo da Operação Downfall, em maio deste ano, que desarticulou uma organização de tráfico que usava mergulhadores para colocar droga no casco de navios. Ele foi solto em novembro e, na operação dessa semana, foi encontrado com tornozeleira eletrônica e com R$ 100 mil em dinheiro.

Afinal, o que Renato Cariani e Breaking Bad têm em comum?

A defesa de Fabio Spinola disse que o inquérito tramita em segredo de justiça, mas destacou que o cliente é inocente. Já a defesa de Renato Cariani, também procurada pelo Fantástico, disse que ele prefere se manifestar pelos seus próprios canais nas redes sociais.

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Quem é Renato Cariani?

Professor de química, atleta profissional, empresário, youtuber. Com 47 anos, Renato Cariani é um dos principais nomes do mundo fitness e apoiador do fisiculturismo no Brasil.

Cariani é um dos principais influenciadores do mundo fitness no Brasil (Foto: Reprodução, Redes sociais)

Cariani acumula mais de sete milhões de seguidores no Instagram e seis milhões no canal do Youtube. As publicações são focadas no mundo da dieta e do culto ao corpo, e acumulam um bilhão de visualizações.

Quem é Renato Cariani, influenciador alvo de investigação policial

O empresário é sócio da Supley, maior fabricante de suplementos da América Latina, e da Anidrol, indústria química de Diadema, na Grande São Paulo, empresa alvo da operação da Polícia Federal.

Em nota, a Supley disse ter recebido “com perplexidade a informação de que Renato Cariani foi alvo de operação da Polícia Federal”. A empresa informa ainda que “aguarda os desdobramentos da investigação e o julgamento sereno do caso. De toda forma, foram suspensas quaisquer ações de marketing que envolvam a participação do influenciador”.

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“Embora tenha se cogitado uma transação usual no mercado de influenciadores de media for equity, a companhia gostaria de esclarecer que o influenciador não é, e nunca foi, sócio, acionista e administrador. Cariani era responsável pela divulgação de alguns produtos do grupo, tendo sido um dos principais divulgadores destes produtos em mídias sociais.

O Grupo Supley nunca adquiriu ou vendeu quaisquer produtos fornecidos pela sociedade Anidrol e nunca teve qualquer relação comercial com essa sociedade”, finaliza a nota.

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