Na pracinha do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, músicos de diversas partes do país se reúnem para tocar milongas, chorinhos, bossa nova, chamamés, influências do samba, canções nativas e outras que misturam várias origens.

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Durante três dias, de 15 a 17 de novembro, a Igreja da Freguesia vira cenário para as apresentações do Floripa Instrumental, projeto realizado desde 2008 e que busca valorizar a diversidade dos ritmos brasileiros na capital catarinense.

Em 2011, o Floripa Instrumental fez parte da programação da Maratona Cultural e contou com a participação do músico Moraes Moreira.

Um dos destaques da próxima edição é a volta do catarinense Luiz Meira aos shows instrumentais. No sábado, Meira relembra o início da carreira de guitarrista, na companhia de Dirce Maria – sua Ibanez semiacústica, batizada assim há duas décadas pelo músico lageano Daniel Lucena.

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– Tenho um material muito bonito de música instrumental, basicamente brasileira, com bossa nova e samba. E quero mostrar isso ao público. Vou tocar duas músicas dos meus últimos trabalhos também, mas o repertório é basicamente instrumental – explica o guitarrista.

– Além dos shows, o músico Alegre Corrêa ministra uma oficina gratuita de criação e filosofia musical, na sexta-feira. As vagas são preferenciais para quem participar do financiamento das Jam Sessions do Floripa Instrumental – sessões de jazz que acontecem no Salão Paroquial da Igreja e que estão sendo promovidas de forma colaborativa pela plataforma Catarse.

Para abrir o evento, na quinta-feira, o músico Renato Borghetti estreia sua gaita-ponto na programação do Floripa Instrumental ao lado do violonista Arthur Bonilla. O duo executa canções que cruzam o país, reunindo influências que vão do Sul ao Nordeste.

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Leia mais na entrevista com Borghettinho, concedida ao DC por telefone:

Gaita com sotaque brasileiro

DC – Essa é a primeira vez que você vem para o Floripa Instrumental. Já tinha algum contato com o evento?

Renato Borghetti – Sim. Toquei muito na cidade, mas para esse evento, especificamente, é a primeira vez que venho.

DC – Na quinta-feira, você toca em duo com Arthur Bonilla. O que o público vai ver e ouvir na apresentação?

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RB – Nós estamos tocando juntos há cerca de seis anos. O trabalho está sólido, estamos maduros. O meu trabalho, desde sempre, é com música instrumental gaúcha, com as peculiaridades da região da fronteira. Muito antes de se falar em Mercosul, esse trânsito cultural entre Brasil, Uruguai e Argentina era direto e a figura do gaúcho, ou do gaúcho, é a mesma. O repertório tem composições minhas e também de outros músicos. Vou tocar, por exemplo, Barra do Ribeiro, do Guinha Ramirez, que é gaúcho mas mora em Florianópolis. Também vai ter a Sétimo do Pontal e a Fazendo Fogo, que são minhas. Mas a vantagem da música instrumental é que, na hora, pode mudar tudo. Tem muito improviso.

DC – Você já se apresentou diversas vezes na Europa, tanto com o quarteto como em duo. Como a música instrumental brasileira é recebida por lá?

RB – Diferente de outros lugares do mundo, como no Canadá, que foi um trabalho isolado, na Europa nós já tocamos há mais de doze anos. Fazemos circuitos e, todo ano, temos duas turnês agendadas, pelo menos. Mas, em qualquer lugar fora do Brasil, nós temos que explicar que não fazemos samba. Sempre que se fala em música brasileira, já se fala em samba. Então, é claro que é uma referência, mas existem outros ritmos na nossa cultura. Eu me aproveito um pouco disso, porque gera curiosidade. E, como eu toco um instrumento que, na verdade, veio da Europa, pois foi pela imigração que a gaita chegou aqui, estou fazendo uma espécie de caminho inverso e devolvendo a gaita a eles, mas com todo esse sotaque brasileiro.

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DC – A música instrumental está, hoje, mais popular do que no início da sua carreira?

RB – Eu toco há 35 anos, o que me faz ter noção da mudança do espaço da música hoje. Não só a instrumental, mas qualquer tipo, porque a informação está mais rápida. Antigamente, as pessoas não tinham o hábito de escutar, porque desconheciam completamente a música instrumental. Hoje em dia, qualquer um que quer saber vai para o computador e fica sabendo de um bom instrumentista, no outro lado do mundo. Até bem pouco tempo atrás, nas rádios, o espaço da música instrumental era só na madrugada,. Quando chegava sete horas da manhã, quando o pessoal começava a escutar, tiravam do ar. Hoje, não. As pessoas escutam o que querem.

Agende-se

O quê: Floripa Instrumental

Quando: 15, 16 e 17 de novembro

Quinta-feira, 15: Renato Borghetti e Arthur Bonilla – 21h

Sexta-feira, 16: Oficina de criação e filosofia musical com Alegre Corrêa – 14h

Alessandro Penezzi, Alê Ribeiro e Geraldo Vargas – 21h

Sábado, 19: Banda da Lapa – 19h

Luiz Meira e Banda – 21h

Onde: Praça do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis

Quanto: Gratuito

Financiamento das Jam Sessions no www.catarse.me/floripainstrumental