Há um ano e oito meses, Renata Angeloni Burigo, 34, deu a luz em casa à Manuela, sua primeira filha, com o apoio de três profissionais e do marido após oito horas em trabalho de parto. Na época, ela já trabalhava como enfermeira obstetra na maternidade Carmela Dutra, no Centro de Florianópolis, mas com o nascimento da pequena, sua função ganhou novo sentido.

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– Logo que eu voltei da licença maternidade, tive a tristeza de pegar um feto morto. E ali eu lamentei por aquela mulher não ter tido a mesma oportunidade que a minha. Ser mãe acrescentou muito ao meu trabalho – reconhece Renata.

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A enfermeira é responsável por uma função conhecida por dolagem, em que além do suporte técnico é oferecido apoio emocional às mulheres que estão prestes a parir. Ela coloca uma música, deixa a luz baixa, faz um carinho, estimula uma caminhada, conversa e instrui o pai ou acompanhante a fazer uma massagem na lombar.

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– Para muitas mulheres, nós não fazemos nada, porque elas continuam gritando de dor. Mas depois, mais calmas com os bebês nos braços, veem o trabalho de maneira positiva – conta.

Alegria diária

Em média, ela auxilia a chegada ao mundo de seis bebês a cada dia, num registro diário de aproximadamente dez nascimentos na maternidade. Os outros quatro casos são indicados por profissionais que exigem a cesariana. Após a retirada do bebê pelo médico residente, Renata e outra enfermeira obstetra são as responsáveis por entregá-lo à mãe.

– Naquele momento, parece que o sofrimento é tirado com a mão. Afinal, é uma dor, mas não de sofrimento, porque não é uma doença. É a dor da vida. O primeiro olhar do bebê para a mãe é o momento mais recompensador – garante.

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Renata vê com alegria a função de apresentar um recém-nascido a sua família.

– Ser a primeira pessoa a segurar um bebê é uma responsabilidade muito grande. Se os profissionais tivessem noção disso, muitos partos seriam diferentes. Para mudar o mundo, temos de mudar a forma com que os bebês nascem – prevê.

Enfermeira prepara-se para o segundo filho, e espera que futuras mães possam fazer o mesmo

A experiência pessoal do parto da primeira filha de Renata somada ao trabalho da própria enfermeira obstetra na maternidade Carmela Dutra fazem com que ela já pense em um novo filho – o seu segundo.

– Quero que seja domiciliar novamente. E, agora, espero que minha filha participe. Mas, para isso, vou ter que me preparar psicologicamente para gritar menos [risos] – lembra.

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Sobre a preparação, Renata lembra que nem todas as mulheres se organizam para o parto e a maternidade, principalmente aquelas que recorrem à rede pública de saúde – e que isso faz toda a diferença no momento de dar a luz, conforme a profissional.