O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), delator da Operação Lava-Jato, declarou à Justiça Federal nesta segunda-feira que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tinha ‘um representante’ que negociou com ele o pagamento de propinas. Segundo Costa, o ‘representante’ de Renan era o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE), antigo aliado do presidente do Congresso.
Continua depois da publicidade
Humberto Trezzi: devassa da Lava-Jato contra três lideranças políticas é um recado
Renan vira réu sob acusação de receber propina da Mendes Júnior por emendas
Perante o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava-Jato, o ex-diretor da estatal depôs no processo em que são réus altos executivos da empreiteira OAS. Costa fez uma longa explanação sobre a rotina de corrupção que se instalou na Petrobras com base na divisão de porcentuais sobre valores de contratos.
Delator da Lava-Jato cita diretor da Eletrobras, diz revista
Continua depois da publicidade
Justiça nega pedido de revisão de habeas corpus prevenivo a Dirceu
Indagado por um dos advogados da OAS sobre o suporte político que ele tinha para se manter no cargo, Costa disse que sua gestão era ‘compartilhada entre o PP e o PMDB’. O advogado insistiu e quis saber quem lhe dava sustentação política no PMDB.
– O senador Renan Calheiros era um dos que davam sustentação política – afirmou.
Em seguida, o mesmo advogado perguntou. “O sr. negociava com ele (Renan) também valores, propinas, comissionamentos?”
– Não, não, com ele não. Mas ele (Renan) tinha um representante, um deputado, Aníbal Gomes, que algumas vezes negociou comigo isso – respondeu Paulo Roberto Costa.
Cardozo diz não ver problema em ser convocado pela CPI da Petrobras
Ministro do STF dispensa Barusco e inviabiliza acareações na CPI da Petrobras
“Em reuniões com outros empreiteiros, esse Aníbal estava junto?, o Renan estava junto?”, perguntou o advogado.
Continua depois da publicidade
– Senador Renan nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros, Aníbal Gomes sim – disse o ex-diretor da Petrobras.
O deputado Aníbal Gomes não foi localizado para comentar as declarações do delator. Anteriormente, quando citado, Aníbal Gomes negou envolvimento com o esquema de propinas na Petrobras.
Leia todas as notícias sobre a Operação Lava-Jato
O senador Renan Calheiros reiterou, em nota, que suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores “nunca ultrapassaram os limites institucionais” e que “jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome.