Começar de novo. Esta frase pode assustar algumas pessoas, mas não a Renan Dal Zotto. “Pai” de projetos vitoriosos como os do time da Unisul e Cimed, o gaúcho de 51 anos está agora atrás de um parceiro para manter o vôlei de alto nível em Floripa. Além de ter um currículo invejável como jogador, Renan construiu uma trajetória de sucesso como gestor, atuando em marketing esportivo.

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A tarefa não está sendo fácil, desde que a indústria farmacêutica Cimed encerrou o investimento no time. Depois de sete anos e quatro títulos da Superliga conquistados, a história do vôlei na Capital chegaria ao fim. Chegaria. Renan está lutando para que a cidade não deixe de acompanhar o esporte que aprendeu a amar e torcer. Montar um time competitivo custa caro, mas o gestor já tem os primeiros parceiros: a prefeitura de Florianópolis e a Unimed.

O acerto com o governo do Estado deve sair nesta semana. Com esse aporte, Renan poderá finalmente dizer que a Ilha continuará com um representante na mais importante competição do país. Ainda é cedo para mensurar o tamanho e com quais atletas poderá contar. Depende do investimento deste parceiro que Renan tanto aguarda.

A empresa que decidir apostar no vôlei e no time de Renan encontrará uma estrutura pronta. Além do espaço físico montado para os treinos e tratamento dos atletas, os profissionais que fizeram da marca Cimed o sucesso que foi seguem no projeto.

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– Só perdemos o Pacheco, o restante está aqui. O CNPJ do Cimed Esporte Clube segue o mesmo, só vai mudar de nome – ressalta o dirigente.

Quem segue com Renan é o coordenador de marketing esportivo Marcelo Vanzelotti. Ele ficou sensibilizado com a mobilização dos torcedores com o anúncio do fim da equipe.

– Um dia depois da nota oficial da Cimed, uma senhora, que sempre acompanha os jogos, veio chorando ao ginásio, implorando para que o time não acabasse. É emocionante. Eu chego a ficar arrepiado – contou Vanzelotti, com lágrimas nos olhos.

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O grito de guerra vindo das arquibancadas do sempre lotado Capoeirão mudará de tom. O contagiante Ci-me-dê saiu de cena para dar voz a um novo. Que som terá?

Com a palavra, Renan Dal Zotto – gestor do projeto do time de vôlei

13 anos de projetos de vôlei em Santa Catarina

5 títulos da Superliga Masculina à frente dos times da Unisul e Cimed

7 anos na Cimed, quatro títulos da Superliga e um título sul-americano

“Fecho os olhos e imagino esse ginásio lotado”

Diário Catarinense – Como está a busca por um novo investidor?

Renan – A prefeitura irá continuar, isso é importante, pela estrutura, logística e apoio financeiro. O governo do Estado ainda não tenho uma posição, mas acredito que não irá sair. Sempre esteve presente nestes sete anos. Com essa confirmação, junto com a Unimed e a prefeitura, já tenho condição de montar uma estrutura de time, enquanto ganho tempo esperando um investidor máster.

DC – Algum já se posicionou?

Renan – Temos três empresas que estão com o projeto em mãos. Somos criteriosos quanto à escolha de patrocinadores. Tem que ter identidade com o projeto, criar vínculo comercial com Santa Catarina.

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DC – O que leva uma empresa a patrocinar e abraçar este projeto?

Renan – O investimento em um time de alto rendimento é considerável. Temos que ter empresas que buscam visibilidade nacional. Que queiram trabalhar a sua marca, desenvolver valores, ter resultado, e tudo isso fizemos com a Cimed. Empresas que queiram estabelecer sua marca no Estado de Santa Catarina.

DC – Então vale a pena investir no vôlei?

Renan – Este ano, oito jogos passaram na Globo. É um esporte que vem crescendo. É um bom produto e nós provamos que conseguimos trabalhar legal aqui. Mais do que isso, a comunidade comprou a ideia. Tivemos que criar uma cultura de vôlei que não existia. Temos profissionais qualificados para dar continuidade e todos os pré-requisitos para fazer um bom projeto em Florianópolis.

DC – As empresas investidoras têm que tipo de retorno?

Renan – O projeto da Cimed foi idealizado para trazer visibilidade, fixação da marca e gerar negócios. Independente do segmento, sempre vamos trazer soluções de desenvolvimento. No momento que criamos esse vínculo esportivo e comercial, o projeto tem chance de durar. Tem que ser consistente em todos os sentidos, você não pode ficar refém só do resultado técnico porque vai chegar uma hora em que você vai perder.

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DC – Por que continuar com o projeto em Floripa?

Renan – Acredito nas pessoas que estão aqui. Seria um pecado não aproveitar esses profissionais e abrir mão desse projeto. Seria injusto passar a chave e dizer que deu, por tudo que construímos. Hoje o voleibol de Florianópolis é uma referência.

DC – Cimed e Unisul deram certo. Isso ajuda nessa batalha?

Renan – Ninguém conhecia a Cimed. Ela foi construída no decorrer do tempo. Uma pesquisa mostra que 72% das pessoas em Santa Catarina conheceram a Unisul pelo time. O marketing esportivo bem trabalhado pode se transformar em um grande gerador de negócios de marca e imagem. Resultados que falam por nós.

DC – A busca, então, é por um grande parceiro?

Renan – No momento que você traz um investidor, que quer ver a empresa crescer, caminhar com o time, e nós podendo gerar negócios para eles, podemos achar soluções para crescer em conjunto.

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DC – Por que a Cimed saiu?

Renan – Foi comercial. Estávamos conversando há mais de um ano. A Cimed ficou conhecida e bem posicionada no mercado. Antes a Cimed vendia “x” milhões, depois vendeu mais que o dobro. Já está no topo. Não tem mais como crescer aqui.