Há pouco mais de 102 anos, Arthur Klix realizava uma inauguração na rua do Príncipe. Na época, ela ainda chamava-se “rua da Olaria” e o caminho aberto na época em que o Centro de Joinville era parte da Colônia Dona Francisca já havia sido alargado para ser uma rua agitada, mas poucos imóveis ocupavam aquele espaço. Klix abria as portas de sua relojoaria após deixar a sociedade que mantinha com os irmãos. A exemplo do que os outros moradores faziam, o imóvel era grande o suficiente para abrigar a loja, a oficina e a casa da família — nos fundos dela abria-se um grande terreno para criação de animais e cultivo de verduras.
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Levaria cerca de 15 anos para que, a 250 metros do imóvel da família Klix, Jorge Schlemm iniciasse uma construção ainda mais imponente: um prédio com quatro pavimentos que tomava a esquina da rua do Príncipe com a Jerônimo Coelho e que recebeu o nome de Palacete Schlemm. O objetivo era usar o térreo como salas comerciais e dividir a parte superior em três apartamentos — um deles era para a família de Jorge morar.
Os dois imóveis tem uma semelhança importante para o presente e o futuro do Centro de Joinville. Em 2019, descendentes de Arthur e de Jorge garantem a manutenção destes patrimônios, conhecendo suas relevâncias para a história e seus papéis no local em que foram erguidos. Mas não são experiências fáceis no dia a dia.
— Para nós, compensa apenas porque não pagamos aluguel, mas só conseguimos manter a relojoaria porque nos atualizamos para o comércio digital. Só que nosso Centro está muito feio, é muito triste olhar para fora — lamenta Neusa Klix, neta de Arthur que assumiu a direção da loja nos anos 2000.
O olhar de Neusa para a rua do Príncipe não é novo: ela nasceu e cresceu na casa que fica nos fundos e no segundo pavimento da Relojoaria Klix, já que seu pai, Harry, foi o único filho de Arthur que interessou-se pela atividade de relojoeiro e que, em 1954, comprou o prédio e o negócio do pai.
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Ela ainda recorda-se de uma rua do Príncipe de terrenos baldios, onde o circo instalava a tenda quando chegava na cidade e os moradores paravam para recolher pastagem.
— Todas as pessoas se conheciam e se visitavam. Hoje, a maioria dos proprietários não moram nem trabalham mais aqui — recorda.
Como Harry morreu precocemente, em 1969, a mãe de Neusa passou a administrá-lo. Em um momento de dificuldades financeiras, ela vendeu parte do imóvel e a relojoaria só permanece no mesmo espaço onde era originalmente porque a única filha Arthur, como não teve descendentes, deixou sua parte da herança para Neusa. Além disso, entre os anos 1950 e 60 algumas reformas descaracterizaram o casarão.
— Ele passou pelo processo de tombamento e foi extinto porque estava descaracterizado. Agora, está novamente em processo. Eu tento mantê-lo do jeito que era, porque sei de sua importância para a cidade, mas também sei que, depois de tombado, tudo fica mais difícil — analisa ela.
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Destaque do Facebook
No ano 2000, depois que Neusa assumiu a administração da loja, ela chamou os filhos, Fabiana e Fábio para trabalhar com ele. Mesmo assim, as dificuldades financeiras eram inevitáveis diante dos novos modelos de negócios. Foi a partir da visão de que só a loja física não seria suficiente para manter o comércio de relógios e joias que eles buscaram novas formas de vender.
Usando a criatividade, Fabiana começou a publicar fotos dos produtos no Facebook e no Instagram. Por ali, os clientes começaram a fazer pedidos que são entregues em casa, inclusive em outras cidades da região.
— Se dependêssemos apenas das vendas na loja física, não estaríamos mais aqui — analisa Neusa.
Esse trabalhou garantiu a eles até um destaque na plataforma Facebook para Empresas. Uma equipe de produção veio a Joinville e passou um dia na loja com Neuza Klix e seus filhos, Fabiana e Fábio, que mantém o comércio criado pelo avô de Neuza, Arthur Klix.
O resultado foi um vídeo que conta como o comércio digital, por meio do Facebook, tem garantido a manutenção da loja centenária. A produção foi divulgada na semana passada e está disponível na lista de cases de sucesso do site Facebook para Empresas.
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