Dona de uma voz marcante, não foram poucas as vezes que Elza Soares subiu nos palcos catarinenses para esbanjar todo o seu talento. Desde passagem por festivais até shows para promover seus mais recentes trabalhos, cada visita em Santa Catarina levava centenas de pessoas a cantarem suas músicas.
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A última passagem ocorreu justamente dez dias antes do início da pandemia da Covid-19. O show, que fez parte da turnê do álbum “Planeta Fome”, ocorreu na Capital, em Florianópolis, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O momento, inclusive, foi compartilhado pela cantora nas redes sociais.
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Florianópolis foi assim
— Elza Soares (@ElzaSoares) March 8, 2020
Como será Porto Alegre? pic.twitter.com/aVtXqPjvrZ
Antes disso, porém, ela já tinha participado de outras apresentações pelo Estado. Em 2016, aos 76 anos, ela foi uma das atrações do festival Psicodália em Rio Negrinho, no Planalto Norte do Estado. Cerca de 5 mil pessoas se emocionaram durante uma hora e vinte minutos de show.
Na apresentação, ela cantou canções inéditas do álbum A Mulher do Fim do Mundo, o primeiro lançado em cinco décadas.
Ela também trouxe a turnê do disco para Florianópolis no ano seguinte. O evento ocorreu no Centro de Cultura de Eventos da UFSC. Este trabalho, inclusive, rendeu para a cantora o Grammy Latino na categoria de melhor álbum de música popular brasileira.

Já em Itajaí, em 2019, Elza fez parte da programação do 22º Festival de Música, um dos mais importantes eventos da cena cultural de Santa Catarina. A cantora fez uma apresentação gratuita na cidade durante a abertura do evento que ocorreu no Centreventos.
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Cantora morreu em casa
A morte da cantora foi confirmada durante a tarde desta quinta-feira (20) pela assessoria de imprensa. No comunicado, a equipe afirmou que Elza morreu em casa, vítima de causas naturais. Ela tinha 91 anos.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, informou a assessoria da cantora nas redes sociais.
A morte da artista acontece no mesmo dia de Garrinha, há quase 40 anos, com quem teve um relacionamento por 17 anos e que diz ter sido seu grande amor. O jogador morreu em 1983.
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História da artista
Elza Soares, em sua vida, enfrentou diversas dificuldades. Entre elas a pobreza, a fome e a morte precoce dos filhos. Apesar disso, renasceu musicalmente após alguns anos afastada.
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Ainda menina, Elza se casou aos 13 anos, obrigada pelo pai. Pobre, perdeu dois filhos, um deles recém-nascido e outro para a fome. Sofreu com violência doméstica e ficou viúva aos 21 anos.
Ela começou sua carreira nos anos 60 e é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira. A artista lançou 34 discos, onde misturou diversos ritmos – samba, jazz, música eletrônica, hip hop e funk.
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Em 2014, a artista passava por um tempo difícil em sua vida – pessoal e profissionalmente. Para o grande público, Elza estava “sumida”, já que seu último lançamento havia sido em 2009, uma coletânea de 50 anos de carreira.
Foi a partir de 2015, após a morte do filho de 59 anos, que a cantora voltou a produzir. Em um álbum com gêneros misturados, as músicas falam sobre feminismo, violência doméstica e negritude.
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O trabalho a levou ao palco do Rock In Rio pela primeira vez e fez com que ganhasse o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. O disco foi eleito, ainda, pelo The New York Times como um dos dez melhores do ano.
Em 2019, a artista lançou o álbum “Planeta Fome”, disco que a trouxe em Florianópolis pela última vez.
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