Uma das músicas criadas pela nova geração de torcedores do Criciúma traz um verso que resume bem o sentimento de quem atravessou uma seca de oito anos sem títulos estaduais: “Daria a vida só para te ver campeão”. Bem, meus conterrâneos, ninguém mais precisa se matar: o Tigre enfim voltou a erguer a taça do Catarinão.

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E quantos sacrifícios essa torcida não viveu até ver esse dia chegar? Sofrer virou rotina para os torcedores do único time do Estado que foi campeão da Copa do Brasil. Desde o último título catarinense, em 2005, o Criciúma foi ao inferno da Série C – por duas vezes! – e voltou. Passou pelo purgatório da Série B e, agora, irá retornar aos gramados da elite do Brasileirão com o troféu estadual embaixo do braço.

Nesses anos de vacas magras, houve uma época em que meus amigos, torcedores de Avaí e Figueirense, nem zombavam mais. Eles se aproximavam e, com olhar de pena, diziam: “Zé, o que aconteceu com o seu Criciúma? Ele não pode ficar tão lá embaixo”. Essa piedade, confesso, doía mais do que qualquer piadinha que fosse feita.

A minha sensação era a mesma de quem tem um parente em estado de coma. Meu time vivia inerte. Vegetava. Vez ou outra, engrenava duas ou três vitórias seguidas e parecia que ia se recuperar, como um paciente terminal que responde a um estímulo e enche a família de esperanças. Mas ficava por isso mesmo.

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Nem assim, a torcida abandonou o time. A chegada de Antenor Angeloni foi decisiva. Ele já havia feito história no clube por duas vezes: em 1978, mudou o nome da equipe de Comerciário para Criciúma; em 1984, trocou as cores da camisa, abandonando o azul e branco. O empresário andava afastado do futebol, até que decidiu retomar o comando do Criciúma. Sonhou com um time grande, forte, competitivo e vencedor. Teve o apoio da torcida e, como canta Raul Seixas, “sonho que se sonha junto é realidade”.

Aliás, falar de realidade em um campeonato tão insólito como o Catarinense de 2013 parece estranho, não? Afinal, esse ano teve de tudo, até trave caiu. Mas, em meio às situações surreais, uma normalidade se impôs: se o Criciúma é o representante do Estado no Brasileirão, nada mais justo ele ostentar, também, o título de campeão estadual. E chegou a isso com mérito. Que venha a Série A!