O Banco Central (BC) divulgou nota sobre dois relatórios apresentados nesta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que fazem parte do Programa de Avaliação do Setor Financeiro (FSAP, na sigla em inglês) e que avaliaram o setor financeiro do país.
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De acordo com o BC, o Fundo considera que esse setor é “sólido, bem capitalizado e possui elevados níveis de liquidez e de provisões contra a inadimplência”.
Ainda conforme o BC, o FMI avalia que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) está bem preparado para o complexo cenário global atual e para auxiliar o crescimento sustentável do país.
Entretanto, o FMI alerta para o risco de o país ser “vítima do sucesso” das políticas que evitaram efeitos mais graves da crise internacional. O Fundo avaliou o setor como “estável, mas a expansão acelerada do crédito nos últimos anos pode gerar riscos” para a economia.
– A expansão acelerada do crédito nos últimos anos apoiou o crescimento da economia interna e o aumento da inclusão financeira, mas essa expansão também pode gerar vulnerabilidades – disse o chefe da missão de avaliação, Dimitri Demekas.
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Além disso, o país está “preso” em um cenário de taxas de juros elevadas e prazos curtos que prejudicam o financiamento privado de longo prazo.
O FMI avalia que o risco sistêmico do Brasil em caso de uma nova crise é “baixo” por causa de regulamentações “sólidas” e dos colchões de liquidez obrigatórios nos bancos. Estas políticas “inteligentes” e proteções embutidas fizeram com que o setor no país superasse “muito bem” a crise mundial iniciada em 2008, avaliou o Fundo.
O relatório sugere algumas reformas para aumentar a segurança do sistema e fortalecer os mecanismos de ajuda aos bancos. Para o FMI, o governo deve repensar a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – que proveu uma espécie de “quase-estímulo fiscal” durante o momento mais difícil da crise, mas que no longo prazo pode acabar sufocando o desenvolvimento do sistema.
Na avaliação do FMI, o BNDES pode ajudar a desenvolver o mercado através de financiamentos conjuntos e de uma gradual retirada das operações de financiamento direto de grandes companhias, como a Petrobras e a Vale, capazes de levantar recursos facilmente no mercado.
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O documento lembrou também que a economia brasileira está suscetível às mesmas vulnerabilidades de outros países emergentes, sobretudo a volatilidade em torno das exportações de commodities. É a primeira vez que o Brasil permite a publicação das conclusões do Programa FSAP.
Os relatórios de Avaliação da Estabilidade do Setor Financeiro (FSSA) e de Avaliação da observância dos Princípios da Basileia para a Supervisão Bancária Efetiva (BCP DAR), foram realizados entre novembro de 2011 e março de 2012, no âmbito do Programa de Avaliação do Setor Financeiro (FSAP).