O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira, dia 19, pela condenação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, pelo crime de corrupção passiva.
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O relator disse que os acusados ligados ao partido, como Jefferson, o ex-vice-líder Romeu Queiroz e o ex-presidente José Carlos Martinez (morto em outubro de 2003), receberam do PT mais de R$ 5 milhões nos dois primeiros anos do governo Lula. Para o ministro, o repasse a Jefferson, mesmo ele tendo sido o responsável pelas denúncias de existência do esquema, tinha como objetivo a compra de apoio político.
– O réu recebeu recursos oferecendo em troca a fidelidade e o apoio do partido em votações na Câmara – destacou.
Barbosa lembrou que o PTB apoiou, nas eleições presidenciais de 2002, o então candidato do PPS, Ciro Gomes, contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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O ministro disse que a defesa do presidente do PTB não conseguiu comprovar a versão de que os R$ 4 milhões recebidos do PT serviram para quitar dívidas de campanha. Segundo ele, Jefferson recusou-se a informar como utilizou o dinheiro, não há recibo da transferência e não falou sequer quem eram os beneficiários.
– Os recursos não se destinaram a pagar despesas de campanha. O acusado (Roberto Jefferson) distribuiu dinheiro, tal como acusou Pedro Henry e Valdemar Costa Neto de terem feito – afirmou Barbosa, referindo-se, respectivamente, ao ex-líder do PP e o ex-presidente do PL (atual PR).
O relator disse que o acordo entre o PTB e o PT envolveria o pagamento de R$ 20 milhões. Em 2005, o então tesoureiro trabalhista, Emerson Palmieri, viajou com o publicitário Marcos Valério para Portugal a fim de obter os R$ 16 milhões restantes do acerto. O ex-advogado das empresas de Valério, Rogério Tolentino, também participou da viagem.
O publicitário, segundo o ministro, foi um emissário do PT e Palmieri foi indicado por Jefferson, a pedido do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A ideia era a Portugal Telecom antecipar 8 milhões de euros para que os dois partidos pudessem saldar as dívidas da campanha municipal do ano anterior.
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Barbosa disse que Jefferson sabia da existência do duto de transferência de recursos desde a época em que Martinez presidia o PTB e ele era o líder da bancada na Câmara. Ainda assim, destacou o relator, quando assumiu a presidência do partido, após a morte de Martinez em 2003, passou ele próprio a receber.
– Mesmo que, como alega a defesa, o senhor Roberto Jefferson não tivesse aderido à prática periódica de pagamentos, o crime de corrupção passiva estaria cometido – afirmou o ministro, ao ressaltar que o destino dado aos recursos é irrelevante para a caracterização do crime.
Para o relator, o repasse dos recursos ao presidente do PTB tinha como “claro potencial” o apoio do partido aos projetos de interesses do governo.
O ministro também votou pela condenação do ex-vice-líder do PTB Romeu Queiroz pelo crime de corrupção passiva. Ele recebeu R$ 350 mil do esquema montado por Valério e Delúbio Soares. Queiroz admitiu ter pedido dinheiro ao então ministro dos Transportes, Anderson Adauto, então no PL (atual PR). O ministro votou também pela condenação de corrupção passiva de Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB, por ter intermediado os repasses a Jefferson e Queiroz.
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