A rejeição saudita de ocupar sua vaga no Conselho de Segurança da ONU não tem precedentes na história da instituição.

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– Até onde nos lembramos, não houve outro caso parecido com este – declarou o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky. – Inclusive, meus colegas do Conselho ou da Assembleia Geral que têm mais memória não se recordam de um incidente como este.

Apenas duas vezes em sua história, o Conselho, integrado por 15 membros, dos quais dez não-permanentes, foi forçado a contar com apenas 14 integrantes: em 1950, quando Moscou, membro permanente, exerceu a política da cadeira vazia; e, em 1980, quando dois candidatos latino-americanos, Cuba e Colômbia, não conseguiram um desempate.

O Conselho renova a cada ano cinco de seus dez membros não-permanentes, eleitos por dois anos. A eleição é feita por regiões. Cada região pré-seleciona um candidato que, a princípio, deve ser confirmado pela Assembleia Geral para assumir seu lugar em 1º de janeiro.

É eleito o candidato que receber ao menos 129 votos entre os 193 Estados membros.

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Esse sistema provocou várias disputas intermináveis entre candidatos latino-americanos, que tiveram seu clímax na eleição de 1979, quando Colômbia e Cuba não obtiveram o número de votos requeridos, apesar 154 rodadas de votação. O México, finalmente, foi eleito como candidato de compromisso na rodada 155. Mas, enquanto isso, o Conselho teve de atuar com 14 membros durante duas semanas.

Em janeiro de 1950, em plena Guerra Fria, a Rússia de Stalin decidiu deixar vago seu assento permanente por várias semanas. O objetivo era fazer pressão para que a vaga da China voltasse ao governo comunista no poder em Pequim, num momento em que o país asiático estava representado na ONU pelos nacionalistas do Kuomintang instalados em Taiwan.

Moscou pensava em bloquear assim o funcionamento do Conselho, mas os demais membros mantiveram as sessões e o governo soviético retomou sua vaga em agosto daquele ano.