O reitor em exercício da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ubaldo Balthazar, anunciou ontem o retorno de pró-reitores da atual legislatura, que haviam pedido para deixar o cargo no mês passado. O professor também deixou clara a intenção de limitar o trabalho do corregedor-geral Rodolfo Hickel do Prado, uma das principais testemunhas da operação Ouvidos Moucos, que apura suposto desvio de dinheiro em programa de ensino a distância. Rodolfo não foi encontrado para comentar as ações da atual reitoria.

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As declarações do maior representante da UFSC e o retorno da equipe expõem uma guerra que se arrasta desde o dia 14 de setembro na universidade, quando foi deflagrada a Ouvidos Moucos. Balthazar afirmou que tenta também o retorno dos ex-integrantes da Corregedoria da UFSC. Três nomes foram empossados em maio de 2016, mas dois entregaram os cargos dias depois: Ronaldo David Viana Barbosa e Marcelo Aldair de Souza. O objetivo da ação seria diminuir o poder do atual corregedor-geral.

— Estamos entrando em contato com os outros dois corregedores que chegaram a ocupar as outras duas vagas, até para fazer um sentido ter um corregedor-geral. Acredito que seria um limitador para o atual corregedor-geral — afirma o reitor em exercício.

Durante a coletiva na tarde de ontem, Balthazar afirmou que um pedido de abertura de procedimento administrativo contra Hickel do Prado foi encaminhado à Controladoria-Geral da União (CGU) ainda na gestão da professora Alacoque Erdmann à frente da reitoria. O professor também mencionou, sem dar detalhes, que “ouviu que há” uma investigação na Advocacia-Geral da União (AGU) contra o corregedor.

A reportagem tentou contato com Hickel do Prado e com a vice-reitora Alacoque Erdmann, mas não obteve retorno.

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A recomposição da mesma equipe da reitoria quando era ocupada por Luiz Carlos Cancellier foi definida em reunião realizada na sexta-feira passada, segundo Balthazar. O retorno mais emblemático dessa disputa é o do chefe de gabinete Áureo de Moraes, que chegou a assinar uma portaria afastando por 60 dias o corregedor-geral Rodolfo Hickel do Prado. A decisão foi anulada dias depois por Alacoque Erdmann, que é vice-reitora e chegou a receber apoio unânime do Conselho Universitário (CUn) em 10 de outubro para terminar o atual mandato.

Mec analisa indicação de reitor em exercício

Em mais de duas semanas, a UFSC não encaminhou o resultado da reunião de outubro para o Ministério da Educação (MEC), que precisa referendar a escolha de reitores de universidades federais. Posteriormente a professora Alacoque pediu afastamento do cargo por motivos médicos e o CUn decidiu na quarta-feira passada apoio, também unânime, para o professor Balthazar ocupar o cargo até abril do próximo ano, quando deve ser concluído um novo processo eleitoral para o cargo de reitor. Neste caso, o ofício foi encaminhado no dia útil seguinte à reunião. Para Ubaldo Balthazar, a responsabilidade do encaminhamento da decisão caberia à professora Alacoque:

— Não sei porque a professora Alacoque não encaminhou o resultado daquela reunião para o MEC. Eu encaminhei na sexta-feira, e só não fiz na quinta-feira porque era feriado.

O professor Rogério Cid Bastos complementou a resposta do reitor em exercício, afirmando que CUn decidiu pela permanência da professora Alacoque Erdmann, mas que, em segunda votação, definiram que essa forma de encaminhamento fosse discutida nas unidades acadêmicas. Isso teria atrasado o procedimento de envio do ofício ao MEC.

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