O reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, Marcelo Recktenvald, e o vice, Gismael Perin, convocaram uma entrevista coletiva para se manifestarem nesta terça-feira (1º) sobre a votação para a destituição deles. Recktenvald e Perin contestam a decisão do Conselho Universitário sobre o tema.
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Nesta segunda-feira (30), foi realizada a votação e o pedido de destituição precisava de dois terços dos votos. Como são 54 vagas no conselho, teoricamente seriam necessários 36 votos. O pedido, no entanto, foi aprovado por 35 conselheiros, com 12 votos contrários e duas abstenções. O reitor e o vice alegam que, para definir o resultado, deveria ter sido levado em conta o total de conselheiros, e não o número de pessoas presentes.
— Eu não exerci o direito a voto, mas tenho direito a voto, segundo consta no regimento geral da universidade e também no regimento interno do conselho. Como eles não obtiveram os votos necessários, após encerrada a reunião decidiram dar prosseguimento e aprovar a destituição (…) É como um time que perde por 1 a 0, mas fica campeão, pois poderia perder por 1 a 0. No entanto, quem perdeu o título, após o juiz dar o apito final, vai e tenta mudar as regras — disse Recktenvald.
A crise em torno do reitor da UFFS já teve outros episódios. Primeiro, foi a nomeação. Depois, a ocupação da reitoria, e, agora, a votação do Conselho Universitário. Recktenvald foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro em uma lista tríplice que passou por consulta pública. O problema é que parte da comunidade universitária não aceitou a nomeação, pois o escolhido ficou em terceiro lugar.
Um grupo de conselheiros entrou com um pedido de reavaliação da decisão, por entender que o número seria suficiente, entendendo que o reitor não poderia votar, pois era parte interessada, nem quem comandou a sessão. Na verdade, ambos nem chegaram a votar.
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Também houve o questionamento de uma vaga de conselheiro do campus de Cerro Largo (RS), que não estava preenchida. Com isso, a avaliação de alguns conselheiros, entre eles, o professor Vicente Ribeiro, do Sindicato dos Docentes da UFFS, entendeu que eram 51 votos válidos e, por isso, os dois terços haviam sido atingidos.
Os questionamentos da reitoria
Nesta terça-feira, o vice-reitor da UFFS, Gismael Perin, afirmou que, após a votação, não é permitida questão de ordem, como foi solicitada no Conselho, para dar segurança aos resultados das deliberações. Ele também citou que o número de votos para impeachment no Congresso é sobre o número total de cadeiras, e não sobre quem está presente.
No entendimento da reitoria, mesmo que o Conselho tente levar adiante a pauta, ela não terá efeito.
— Para nós, é uma questão superada. O Conselho não pode mudar algo que está no regimento interno – entendeu o reitor Marcelo Recktenvald.
O reitor reconhece que a situação da atual administração no Conselho será difícil, pelo placar da votação, mas afirmou que a instituição não pode ser fragilizada por uma questão que é política.
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— Já me manifestei que é uma questão política, que faz parte de um jogo de interesses e de uma disputa que está caracterizada no nosso país. O critério deve ser técnico. O papel exercido pelos conselheiros não pode fragilizar a instituição. O objetivo não é atingir o reitor, destituir o reitor. Existe uma pauta maior que temos clareza e que é um desvio de finalidade – destacou.
Ao final da coletiva, o reitor também falou da liberação de R$ 8,3 milhões que estavam contingenciados pelo governo federal. O reitor afirmou que a universidade não corria risco na questão de custeio, elogiando a gestão de seu antecessor, Jaime Giolo, mas que a liberação de recursos vai ajudar em obras em vários campi, como Chapecó, Passo Fundo (RS) e Laranjeiras do Sul (PR).
Segundo Recktenvald, em Chapecó a prioridade é a conclusão do Bloco C, que vai abrigar a reitoria. A expectativa é dentro de um ano sair do aluguel no centro da cidade, que custa R$ 59 mil por mês.