A reincidência é apontada pela Polícia Militar como o principal fator para o crescimento dos casos de roubos. Em Itajaí, foi constatado que os adolescentes infratores são presos em média cinco vezes até serem internados pela primeira vez. Isso ocorre porque os assaltos são considerados crimes de menor gravidade, se comparados a assassinatos, por exemplo, e em muitos casos não há medidas socioeducativas disponíveis, exceto a internação.

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A PM já chegou a apreender um adolescente com 40 passagens pela polícia, mas o caso mais alarmante de reincidência vem da vizinha Balneário Camboriú. Um jovem chegou a ser apreendido 79 vezes na cidade antes de enfim ser preso, mês passado, quando já tinha mais de 18 anos.

– Só eu apreendi esse garoto 14 vezes. Em muitas delas ele mesmo dizia que não iria dar em nada – conta o soldado Denício Rosa.

O problema da reincidência para especialistas está longe de acabar. Necessita basicamente da criação de mecanismos para que os infratores não voltem para o mundo do crime e isso carece de investimentos, políticas públicas e vontade social.

Doutora em Sociologia da Infância, Ana Claudia de Oliveira entende que a falha não está na legislação, mas sim na rede de atendimento. O Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo ela, deixa claro que o menor infrator precisa receber medidas socioeducativas.

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– Esse atendimento deve ser dado por pessoas qualificadas, deve haver centros de integração social e os centros de internamento tem que ter atendimento adequado, do contrário viram casas de detenção – afirma.

A especialista adverte de que a ideia de vitimizar o infrator é perigosa, contudo é preciso lembrar que ele é um sujeito em desenvolvimento social, por isso não se pode tratá-lo como adulto. Para ela, uma das formas de contribuir com o Estado na recuperação desses jovens é os municípios investirem em parcerias com ONGs e programas que recuperem esses jovens.