O regime sírio realizou ataques aéreos nesta sexta-feira (6) contra o último bolsão rebelde em Ghuta Oriental, perto de Damasco, pela primeira vez em quase duas semanas, depois do fracasso das negociações sobre uma retirada dos insurgentes locais.
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Na quinta-feira um acordo de evacuação dos rebeldes presentes na área não prosperou em razão das divisões internas dentro do grupo Jaich al-Islam, cuja ala dura se recusa categoricamente a deixar a cidade.
Pelo menos 32 civis, incluindo sete crianças, morreram, e outros 50 ficaram feridos nos bombardeios desta sexta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
“Os mortos chegam ao hospital em pedaços, não podemos nem identificá-los. Há mais de 20 feridos, muitos deles em estado crítico”, indicou um médico de um hospital local. “A equipe médica está totalmente sobrecarregada”, acrescentou.
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De acordo com a agência oficial de notícias Sana, a força aérea síria realizou ataques em represália aos “disparos de foguetes” dos rebeldes contra “vários bairros residenciais nos arredores de Damasco, que mataram uma pessoa e feriram outras 15”.
No dia anterior, cerca de 20 ônibus fretados pelo regime de Bashar al-Assad entraram em Duma antes de voltarem atrás. Este foi o quarto comboio, depois de três dias consecutivos de evacuações em que cerca de 3.000 combatentes e civis foram transferidos para o norte da Síria.
O grupo islamita Jaich al-Islam, que ainda controla Duma, nunca confirmou um acordo de evacuação e tem se mantido em silêncio, dividido entre os partidários e os opositores a essa partida organizada.
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Segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, “dos 10.000 combatentes do Jaich al-Islam, mais de 4.000 se recusam categoricamente a sair”.
– Operação terrestre? –
Após bombardear implacavelmente durante cinco semanas as áreas rebeldes de Ghuta Oriental, matando mais de 1.600 civis, o regime sírio alcançou acordos de evacuação com dois grupos rebeldes, Ahrar al-Sham e Faylaq el Rahman.
Dada a relutância do Jaich al-Islam, Assad tem reunido reforços em torno de Duma, não excluindo a retomada da ofensiva militar.
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“Estes ataques aéreos pavimentam o caminho para uma operação terrestre. As negociações falharam e o regime agora quer impor suas condições. Estes ataques aéreos antecipam o que poderia acontecer se as condições do regime não forem aceitas”, aponta Nawar Oliver, especialista em Síria do think tank Omran, com sede na Turquia.
“Mas há sempre a possibilidade de o Jaich al-Islam aceitar um acordo no último minuto e evitar a operação militar”, acrescenta.
O grupo islamita estaria buscando um acordo de reconciliação que permitiria sua permanência em Duma como uma força policial.
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“É muito tenso e há muita confusão. Não sabemos para onde estamos indo”, confidenciou à AFP Mohamad, de 20 anos, poucas horas antes dos bombardeios.
“Alguns dizem que haverá uma reconciliação e as coisas serão melhores, e há outros rumores de uma nova campanha de bombardeios e deslocamento forçado”, acrescentou.
Mais de 46 mil combatentes e civis já foram evacuados do enclave rebelde de Ghuta.
O regime sírio, que está prestes a reconquistar todo o reduto rebelde, também visa alguns bolsões rebeldes no sul da capital controlada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
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* AFP