Numa denúncia que, se confirmada, poderia precipitar uma intervenção militar americana e europeia na guerra civil da Síria, o general israelense Itai Brun, ligado ao setor de inteligência, afirmou ontem pela primeira vez que há provas do uso de armas químicas por parte do regime do ditador Bashar al-Assad contra os rebeldes.
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Anteriormente, haviam circulado relatos de que armas desse tipo estariam sendo utilizadas no conflito, sem que ficasse claro se a responsabilidade por seu uso seria do regime ou da oposição. Fontes de inteligência ocidentais haviam alertado para o uso de armas químicas em 19 de março. Os governos britânico e francês comunicaram confidencialmente a ONU, na semana passada, ter evidências de ataques químicos em Aleppo, Homs e, possivelmente, Damasco. A guerra civil na Síria já dura dois anos e um mês e deixou entre 62 mil e 77 mil mortos, segundo fontes da oposição.
Chefe do setor de investigação e análise do departamento de inteligência do exército israelense, Brun disse que fotografias obtidas em regiões de combate entre forças leais e rebeldes, incluindo imagens de vítimas com espuma na boca, comprovam o uso de armas químicas por Al-Assad.
A afirmação foi feita em uma conferência de segurança em Jerusalém e reproduzida pela conta do Twitter do exército israelense. Questionado sobre as evidências, o militar esclareceu:
– As pupilas que se contraem, a saliva que sai da boca e outros sinais que vimos demonstram o uso de armas químicas mortais. Que armas químicas? Aparentemente gás sarin.
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Considerado arma de destruição em massa, o gás sarin é proibido por resolução das Nações Unidas.
Ontem, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou em Bruxelas, onde participa de uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não confirmou a ele a utilização das armas por parte da Síria.
– Falei daqui (de Bruxelas) com o primeiro-ministro Netanyahu. E ele me disse que não estavam em posição de confirmar isso – disse Kerry.
Segundo o jornal Washington Post e a revista Foreign Policy, a França e a Grã-Bretanha informaram ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que a análise do solo, além de entrevistas com várias testemunhas e com rebeldes, demonstram que foram utilizados agentes neurotóxicos.