Desde que os Estados Unidos perceberam que a Primavera Árabe síria havia se transformado em uma guerra civil, as ações mais fortes de Barack Obama para conter o ímpeto sanguinário da repressão no país haviam sido basicamente declarar que Bashar al-Assad deveria deixar o poder.

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Há um ano, porém, Obama traçou para si e anunciou ao mundo uma linha vermelha: o uso de armas químicas seria o limite.

Passados dois anos e meio do início do conflito que já matou mais de 100 mil pessoas, o regime ultrapassou a linha vermelha das armas químicas. A mais grave delas foi o 21 de agosto, quando os subúrbios de Damasco foram envoltos em nuvens de gás tóxico e letal.

Diante desse fato e de outras violações que se seguiram após o massacre do dia 21, Obama afirmou em pronunciamento no sábado que decidiu realizar uma “ação militar” contra a Síria

Embora disponha de amplos poderes legais para tomar a atitude, disse que vai pedir autorização do Congresso.

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Com um relatório de inteligência de quatro páginas em mãos e antes de os especialistas em arma químicas da ONU voltarem do trabalho de campo na Síria, o secretário de Estado, John Kerry, disse saber o horário e o local de onde partiram os ataques e descreveu as movimentações de aliados de Al-Assad. Responsabilizou o regime pelo uso de armas químicas – um crime de guerra – e contabilizou os mortos: 1.429, sendo 426 crianças, um número maior do que havia sido estimado por ativistas sírios.

Ao pedir apoio a uma ação rápida e que não envolveria tropas terrestres, Kerry demonstrou que a Síria agora representa risco para os EUA.

– Isso importa além das fronteiras da Síria. É sobre se o Irã se sentirá confiante, na ausência de ação, para obter armas nucleares. É sobre o Hezbollah, a Coreia do Norte e todos os grupos terroristas ou ditadores que podem contemplar o uso de armas de destruição em massa – justificou.

Estados Unidos e França deixaram escapar detalhes de como seria a ação – de dois ou três dias, sem invasão terrestre e que tampouco derrubaria Al-Assad -, mas com pouca clareza de onde querem chegar, conforme reclamam congressistas republicanos.

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Inspetores das Nações Unidas encarregados de examinar o local supostamente alvo de armas químicas na Síria chegaram no sábado a Beirute, capital do Líbano. A representante da ONU para o desarmamento, Angela Kane, deve informar o resultado da missão ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em Nova York.

Nações divididas

Como pensam os países sobre o iminente ataque

– Unasul – Condenou “intervenções externas”.

– Brasil – Contrário à intervenção.

– Grã-Bretanha – Uma moção do governo a favor de ação militar na Síria foi rejeitada pelos membros do parlamento.

– França – Prepara-se para dar seguimento a uma intervenção militar.

– Austrália – Disposta a participar da ofensiva.

– Turquia – Apoia a ofensiva.

– Arábia Saudita e o Golfo – São os maiores financiadores das forças rebeldes. Pedem ações contra Al-Assad.

– Irã e líbano – Rejeitam a ofensiva

– Rússia – Defende solução política. É contra ações sem o aval da ONU.

– China – Contra a ofensiva, juntando-se à Rússia na ONU.