O regime sírio obteve duas importantes vitórias em 48 horas na região de Aleppo, as primeiras desde o início da intervenção militar da Rússia, que manifestou sua irritação com os Estados Unidos antes de uma nova reunião, em Viena, sobre o conflito sírio.

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Após mais de um mês de reveses, o exército de Bashar al Assad, apoiado pelo Hezbollah e por combatentes iranianos, se apoderou nesta quinta-feira de Al Hader, reduto de insurgentes ao sul de Aleppo, informou à AFP uma fonte militar.

Na terça-feira, na mesma província de Aleppo, as forças do regime conseguiram romper o cerco do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que durava dois anos, à base aérea de Kweires, sua primeira vitória significativa conta o EI desde o início da campanha aérea de Moscou em apoio ao regime de Assad, seu aliado.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG com uma rede de fontes no país, confirmou que o exército e seus aliados avança sobre Al Hader e já tomou “partes importantes da cidade”.

“Os combates continua contra os rebeldes islâmicos e os jihadistas da Frente al Nosra. Há vítimas nas fileiras dos beligerantes”, afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

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Situada a 25 km de Aleppo, “a cidade é o maior quartel-general das forças rebeldes, sobretudo da Frente al Nosra, braço sírio da Al-Qaeda, e dos rebeldes islâmicos. Sua tomada permite às forças do regime se aproximar da estrada internacional”, destacou o OSDH.

Quanto à base aérea de Kweires, no leste da província de Aleppo, onde permaneceram cercados mais de mil soldados durante dois anos, agora servirá de ponta de lança contra o EI na região, afirmou uma fonte militar.

Sua tomada foi particularmente sangrenta visto que, segundo o OSDH, pelo menos 60 jihadistas, 20 soldados, 13 combatentes iranianos e 8 membros do Hezbollah morreram nos combates.

Operações em preparação

Segundo a agência oficial SANA, unidades do exército continuavam seu avanço nesta quinta-feira, tomando quatro fazendas e vilas no sudoeste da província de Aleppo.

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“Os combates continuam a oeste e a sudeste do aeroporto”, informou o OSDH, que na segunda-feira citou o apoio aéreo russo para retomar Kweires.

Controlar esta base aérea marca um giro real nas operações militares ao redor da cidade de Aleppo, em particular porque o exército está agora a poucos quilômetros da usina elétrica que alimenta a segunda cidade do país, segundo fontes militares.

“Kweires não é simplesmente um aeroporto, mas uma base militar integrada. Retomar seu controle dá às forças sírias e russas um posto avançado para realizar outras operações”, acrescentou.

Segundo a fonte, as tropas estão a alguns quilômetros de Deir Hafer, um bastião do EI mais ao leste, e de Al Bab, outro reduto jihadista ao norte da base.

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“O exército se prepara para lançar operações nesta região, onde houve combates nos três últimos anos. O objetivo é penetrar nas regiões sob controle (do EI), mais que enfrentar os rebeldes”, disse a fonte militar.

Ex-capital econômica da Síria, a cidade de Aleppo está dividida desde 2012. Alguns bairros são controlados por rebeldes e outros pelo regime.

Negociações em Viena

Antes da reunião internacional de Viena, no sábado, dois grupos de trabalho – um encarregado de definir as “organizações terroristas” e outro de detalhar a lista de opositores para negociar com o regime – se encontraram nesta quinta-feira. Um terceiro grupo, sobre a questão humanitária, começará seu trabalho na sexta-feira.

Rússia e Irã não estão de acordo com os Estados Unidos e seus aliados europeus e árabes sobre quais grupos devem ser considerados “terroristas” e aqueles que podem ser considerados parte da oposição síria.

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Moscou manifestou sua irritação com Washington. A diplomacia russa acusa os Estados Unidos de ter “organizado às pressas as reuniões dos grupos de trabalho, em 12 e 13 de novembro em Viena, sem consultar a Rússia”. É uma “tentativa de dividir os participantes no processo de solução da crise”, acrescentou.

Segundo um diplomata europeu em Beirute, “Moscou quis demonstrar seu descontentamento porque, em seu julgamento, Washington acrescentou de forma unilateral e de última hora países como Japão, Austrália, Áustria e Holanda, sem consultar a Rússia”.

O secretário de Estado americano, John Kerry, admitiu, em Washington: “não posso dizer que estamos no umbral de um acordo completo. Não! Há muito trabalho pela frente”.

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