A chuva que atingiu Santa Catarina neste final de semana deixou 24 cidades prejudicadas e 16 mil pessoas desalojadas. A contabilização é da Defesa Civil até as 23h de domingo.
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A região Norte de Santa Catarina foi a mais atingida com a chuva, que chegou ao Estado por causa de uma frente fria. Quatro pessoas – incluindo duas crianças – ficaram feridas em um deslizamento de terra em Guaramirim, que encaminhou pedido de estado de calamidade pública após ter 15 mil desalojados. No fim da noite de domingo, o município de Rio Negrinho foi o segundo a decretar calamidade pública.
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Vento de 85 km/h derrubou árvores em Florianópolis. Foto: Jessé Giotti, Agência RBS
O Vale do Itapocu e o Planalto Norte foram as regiões mais atingidas, com pelo menos 200 famílias desabrigadas e centenas de desalojados. Quatro cidades – Corupá, Mafra, Jaraguá do Sul e Canoinhas – decretaram situação de emergência.
Corupá teve alto volume de precipitação, registrando 351 milímetros em três dias. Praticamente toda a cidade ficou alagada, com a área central mais atingida. Os moradores tiveram problemas com abastecimento de água e até a tarde de domingo a energia elétrica estava comprometida. 500 pessoas ficaram desalojadas na cidade. Parte do asfalto do km 93 da BR-280 cedeu e a pista seguia interditada nos dois sentidos até as 23h de domingo. Durante a noite, bombeiros seguiam no local para socorrer três pessoas que caíram com um carro na cratera aberta na rodovia.

Buraco aberto na rodovia em Corupá. Foto: Edison Pereira
A Defesa Civil Estadual e as municipais se mobilizaram para os atendimentos humanitários. O deslocamento da frente fria de madrugada faz o tempo melhorar nesta segunda-feira com a entrada de uma massa de seco. Por volta das 20h30min de domingo, a situação começou a se normalizar em cidades do Norte, com os níveis dos rios se estabilizando.
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Criança ferida em deslizamento
Em Guaramirim, o pluviômetro instalado na Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário Rã-bugio registrou 303 milímetros de chuva. As principais ruas da cidade ficaram debaixo d´água. Uma revendedora de veículos na rua Jerônimo Correa, por exemplo, foi engolida pela água. A cidade ficou ilhada. Para entrar e sair, só de barco.
As pontes Bartolomeu Stezia e Ponte Zindars foram interditadas. As aulas nas escolas e centros de educação infantil foram suspensas nesta segunda-feira. Diversas unidades estão alagadas e outras servem de abrigo para as famílias atingidas, como a de Reginaldo Dias, que conseguiu uma carona em um bote para resgatar alguns pertences. Entre as prioridades, estavam colchões, cobertores, roupas e documentos pessoais.
– Consegui um cantinho para ficarmos até a água baixar. Por sorte, erguemos nossas coisas e ainda a água não chegou – afirma.
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Houve também diversos deslizamentos e desmoronamentos na cidade. No mais grave, duas crianças e dois adultos ficaram feridos. A casa da família, no bairro Nova Esperança, foi atingida por um deslizamento. Os Bombeiros Voluntários foram chamados por volta das 6h15 de domingo e a família foi encaminhada ao Hospital Santo Antônio.
Djonatan Eduardo Klitzke, de oito anos, teve de ser transferido para Joinville no helicóptero Arcanjo. Na noite de domingo, ele permanecia na UTI pediátrica do Hospital Infantil em estado grave.
Arcanjo resgata menino e encaminha para o hospital de Joinville
Maior volume de chuva foi em Jaraguá do Sul
O município de Jaraguá do Sul (foto abaixo) foi o mais atingido. Choveu na cidade 353 milímetros em três dias. O Exército está na cidade desde a manhã de domingo para ajudar na operação.
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Foto:Ricardo Portelinha/Prefeitura Jaraguá do Sul
Segundo o diretor da Defesa Civil Municipal, Marcelo Heinz Prochnow, as localidades próximas ao rio Itapocu ficaram intransitáveis. Os bairros mais afetados são Vila Nova, Três Rios do Norte, Três Rios do Sul, Ilha da Figueira, Centro, Vila Lenzi, Czerniwewicz e Nereu Ramos.
Quase 9 mil casas ficaram sem luz e as aulas nas redes estadual, municipal e particular de ensino foram suspensas na cidade, que na tarde de domingo contabilizava 43 pessoas em abrigos. O abastecimento de água está comprometido, já que as bombas foram submersas. A normalização deve ocorrer em três dias.
Bombeiros sobrevoam área alagada da Bacia do Rio Itapocu
Por isso, o presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Jaraguá do Sul (Samae), Ademir Isidoro, pede que a população economize, pois não há previsão de quando o tratamento de água voltará ao normal. Em Mafra, dois rios transbordaram e mais de 3,5 mil casas ficaram sem energia elétrica. As aulas foram suspensas e 80 famílias estão desabrigadas e estão em quatro abrigos em ginásios, escola e igreja.
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Foto:Germano Rorato/Agência RBS
O Centro da cidade e a Vila Argentina foram os locais mais afetados. O trânsito nas BRs-280 e 116 ficou intransitável. Houve queda de barreira e a pista foi interditada no km 108,8 da Serra do Espigão. Em Canoinhas, também no Planalto Norte, os moradores chegaram a abrir uma rua para escoar a água que invadiu as casas. O único acesso à cidade é pela avenida Expedicionário. Uma vítima que estava sendo levada pela água foi resgatada. O nível do rio Canoinhas que é de 1 metro em dias normais chegou a 5 metros e 60 centímetros.

Foto:Rodrigo Philipps/Agência RBS
Já em Rio Negrinho, o terminal rodoviário (foto acima) ficou coberto pela água, que passou de 9 metros em alguns pontos da cidade. A prefeitura já enviou a documentação decretando estado de calamidade pública. 3 abrigos foram abertos.
Ainda não há um levantamento de desalojados, sabe-se que 12 famílias estão desabrigadas. Choveu mais de 300 milímetros na cidade que registrou 15 deslizamentos sem vítimas. Na BR 280, o km 128, em Rio Negrinho, precisou ser interditado por conta de alagamentos. Os veículos tiveram que ser desviados por dentro da cidade.
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As imagens do alagamento na região Norte
As imagens do alagamento no Vale do Itajaí
As imagens do alagamento no Litoral Norte