No Sul do país, a região de Florianópolis foi a que mais cresceu na última década. Projeção do programa Habitação da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que em 2025 a Região Metropolitana de Florianópolis terá 1,2 milhão de habitantes. Dos 503 mil moradores dos anos 1990, atravessou a década com mais de 1 milhão, aumento de 108%. Junto com Aracaju e João Pessoa, formou o rol das três capitais-metrópoles litorâneas com maiores índices de crescimento e expansão geopolítica.

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No coração deste pedaço de terra com 22 municípios, enquanto Florianópolis recebe uma massa humana precisa resolver problemas triviais em conjunto com as cidades vizinhas. A água que abastece a Capital é captada em Santo Amaro da Imperatriz; os resíduos sólidos levados para Biguaçu; grande parte da mão de obra dorme em São José e Palhoça emperrando o trânsito em gargalos como as pontes em direção ao Continente.

– Essa região exige respostas que precisam ser pensadas em conjunto e não mais por um município isoladamente – observa Zena Becker, presidente do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Florianópolis (Comdes).

Zena usa como exemplo a construção do Contorno Viário da Grande Florianópolis, onde 17 entidades sociais e de classe se organizaram para lutar pela obra.

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– Não podemos achar que esse é um problema de Florianópolis, Palhoça ou Biguaçu. Essa é uma questão de interesse da Região Sul do país, levando-se em conta a questão econômica e por que o traçado da BR-101 atinge toda essa parte do país – observa.

Para o Comdes, é necessário que os municípios pensem em questões básicas como habitação não apenas em moradia popular. Com isso, elaborarem políticas que contemplem os seus moradores, como postos de saúde, novas escolas, calçamento de ruas, mais transporte coletivo. Na polêmica sobre a instalação do estaleiro em Biguaçu, questionamentos foram levantados em relação a infraestrutura oferecida aos trabalhadores que chegariam de fora.

– O OSX, empresa de Eike Batista, não veio. Mas também ficamos sem respostas sobre onde dormiriam essas pessoas- lembra Zena.

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A questão do transporte na região metropolitana é outro setor que exige um novo modelo. Hoje, um trabalhador que mora em Biguaçu e trabalha em um bairro do Continente, como Coqueiros, precisa vir até o Terminal Central (Ticen) para tomar um outro ônibus que o leve até o serviço, lugar que passou próximo durante o trajeto.

Região metropolitana existe no papel, mas sem projetos

As informações são do programa UN-Habitat apontam que o crescimento das cidades brasileiras pode chegar ao ano de 2025 com aumento populacional de até 145,13%. Diferente de décadas atrás, regiões como São Paulo e Rio de Janeiro não vão figurar nesse mapa. Áreas próximas a algumas capitais do Norte e Nordeste do Brasil, assim como o interior de alguns estados, aparecem alto no ranking das que prometem mais crescimento.

Numericamente nem chega a ser tão expressivo, dos 1 milhão de moradores de hoje serão 1,2 em 2025. O problema não seriam os 200 mil a mais, mas necessidade de atendê-los. A Região Metropolitana de Florianópolis foi criada pela lei complementar estadual n° 162 de 1998, mas extinta pela lei complementar estadual n° 381 de 2007 e reinstituída pela lei complementar estadual n° 495 de 2010. Apesar de ter sido sancionada, não foram estabelecidas suas prioridades.

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Um esboço de ações está sendo feito pela Secretaria do Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis. Mas o próprio traçado do que a SDR atinge, 13 municípios, e não os 22 da região metropolitana, se colocam como uma das discussões. Além disso, o esforço tropeça na ausência de quem mais deveria estar interessado na estratégia de ações. É comum a ausência dos prefeitos ou de secretários que possam responder as questões levantadas durante as reuniões. Com isso, a discussão sobre as políticas e tomadas de decisões não avançam.