O som dos aplausos que ecoam na Praia Central de Balneário Camboriú não significam uma comemoração. Pelo contrário, ao ouvi-los, muitos pais e mães olham aflitos para os lados. Tranquilizados ao verem os filhos por perto, eles logo se solidarizam e passam a aplaudir incessantemente. As palmas são para alertar que há uma criança perdida na praia.

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Poucas pessoas desconhecem a atitude, que há anos é aplicada na orla balnear, mas ao serem informadas logo começam a bater palmas em solidariedade. O barulho serve para indicar aos pais a direção por onde a criança se perdeu, e o método funciona. Sara dos Santos, 7 anos, passou quase 30 minutos perdida.

Ao ser vista por turistas chorando e andando sem rumo, logo foi acolhida. A família saiu andando com a menina e batendo palmas. Por onde passavam as palmas eram acompanhadas por quem estava sentado na areia. Mas o martírio da pequena demorou a terminar.

Foram duas voltas nas proximidades do local onde ela foi encontrada e nada. Uma última tentativa foi certeira. Com Sara nos ombros de um homem, os turistas andaram mais alguns metros aplaudindo e acabaram abordados por uma senhora que chorava e ria de nervoso.

Zenilda dos Santos, 44, perdeu a filha no chuveirinho perto do calçadão, quando se virou por um momento. Turista de Curitibanos, Zenilda tremia ao abraçar a filha no reencontro. Mais calma, logo veio a pergunta quase em tom de bronca:

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– Mas minha filha, onde é que você foi?

Em todo o Estado, conforme o relatório, a região é a segunda que mais registra casos de crianças perdidas na praia. De 6 de outubro a 6 de janeiro, foram 95 ocorrências. Em primeiro lugar está Florianópolis com 212 casos.

A frequência das crianças perdidas está diretamente relacionada à grande quantidade de pessoas que frequentam Itapema e a Praia Central de Balneário. Segundo o tenente Daniel Dutra também falta orientação dos pais, que, às vezes, ficam desatentos.

A comerciante Patrícia Muniz, 32, perdeu o filho Vinicius de apenas quatro anos na Praia Central e conta que até levou uma bronca do guarda-vidas que estava no local. Por sorte o menino conseguiu chegar sozinho ao posto dos bombeiros na praia.

Pulseirinhas ajudam na localização dos pequenos

Para ajudar na localização das crianças que se perdem, algumas praias adotam o sistema de pulseirinhas. É o caso de Balneário Camboriú, onde monitores passam o dia distribuindo as fitinhas durante a alta temporada. O acessório preventivo traz um telefone de contato para ajudar a localizar os pequenos.

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O dentista de Bataguassu (MS), Orlando Siqueira, 61 anos, não deixou a filha de oito anos um dia sequer sem a pulseirinha. Michele Siqueira entrou na água, tomou sol, brincou e a pulseira não se soltou.

– É muito resistente. Ontem (quarta-feira) ela ficou o dia todo com uma pulseirinha e só trocamos porque a monitora passou por aqui e ofereceu outra, mas nem precisaria.

Os primos Amanda Acosta Henschel, 5, e João Henrique Elsner, um ano e 11 meses, também pegam praia sempre de pulseirinha. Isso faz com que os pais tenham mais tranquilidade para deixá-los ir até a água e voltar para brincar na areia, mas tudo sob olhares atentos, claro.

As pulseirinhas são distribuídas pelos monitores na praia, mas também podem ser adquiridas nas barracas que funcionam como sede do projeto Praia Limpa, que também distribui sacolas e cinzeiros. Há cinco barracas coloridas espalhadas ao longo da Praia Central.

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