Há uma famosa canção de Bob Marley cujo refrão simboliza toda uma cultura musical que, geração após geração, continua a despertar o mesmo estado de consciência, o da positividade. “Um só amor, um só coração, vamos ficar juntos e nos sentiremos bem”, diz a tradução de One Love. Há um ano e três meses, as quintas-feiras do vão central do Mercado Público de Florianópolis reúne centenas, muitas vezes milhares de pessoas de diferentes tribos para dançarem num só ritmo, o reggae, como na mensagem de Bob. O evento semanal já virou um movimento forte na cidade e reduto de turistas.

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Democrático por natureza, o Mercado Público era tradicionalmente um espaço de samba nas noites de terça e no sábado, além de ser endereço de artistas, intelectuais, políticos e boêmios. Mas as quintas-feiras passaram a ser um fenômeno de público – chegou a reunir 4 mil pessoas numa noite – e também de paz. Visitantes estrangeiros e brasileiros são os maiores fãs.

O belga Fredy Ryez, 23 anos, ficou sabendo do reggae por um amigo. Foi, gostou, e na última quinta levou um grupo de amigas brasileiras, como a enfermeira Larissa Christine, 26 anos.

– Antes eu achava o Centro perigoso porque não tinha um projeto cultural. O bacana é que o reggae junta todo mundo, independente do estilo – afirma.

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Para a população da cidade virou uma opção também de happy hour. E o melhor: é de graça.

– O reggae transmite paz. É música calma. Não tem distinção de raça, cor ou classe. Todo mundo curte e ninguém briga – diz Josué Costa, 37 anos.

Foto: Charles Guerra / Agência RBS

Reggae e o circuito alternativo

As quintas do reggae descortinaram uma cena alternativa, porém forte, em Florianópolis. A cada semana uma banda se apresenta, e esse é o principal chamariz de público: grupos que valorizam tanto o reggae raiz quanto as canções mais conhecidas do gênero. Mr Roots, vocalista da Habitantes de Zion, era quem cantava na última quinta. Ele contou que antes o bar De Raiz, na Praia da Joaquina, era ponto de referência para shows de reggae.

– Hoje quem cumpre esse papel é o Mercado Público – complementa Bia Litz, cantora no mesmo grupo.

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O coordenador do projeto, Kristian Korus, baixistado grupo Ângela Beatriz, conta que no começo era trabalhoso produzir shows com bandas diversas, então ele organizava encontros musicais com vários músicos.

– Hoje sou procurado por bandas de outras cidades e Estados para tocar aqui – diz.

Korus também descobriu uma cena efervescente, muito além de bandas conhecidas da população, como Dazaranha – que vai mais na linha do “reggae’n roll” – e Iriê.

– Aqui temos um público fiel, no entanto os shows ficam muito restritos ao circuito alternativo. Eventualmente casas noturnas maiores abrem as portas para shows internacionais.

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E foi por causa de um grande festival de reggae com atrações internacionais que o reggae no Mercado começou. Foi em setembro do ano passado, quando Korus organizou dois shows para divulgar o Lagoa Reggae Festival. A ideia vingou, as pessoas gostaram e o músico propôs a parceria com Renato dos Santos, proprietário do Trapiche Bar:

– No começo tive um pouco de receio, mas vi que era um público legal, e deu certo.

A partir de março, com a continuidade da reforma no prédio, novos bares abrem no local e por enquanto o futuro do projeto é incerto. A ideia é que, assim como o bar de Renato, outros abracem a ideia.

:: Agende-se

O quê: Quinta do Reggae

Quando: quintas-feiras, das 19h às 22h

Onde: Mercado Público (Rua Conselheiro Mafra, 255, Centro, Florianópolis)

Quanto: gratuito