A Federação Internacional de Tênis (ITF) aprovou nesta quinta-feira (16) uma reforma radical no formato da Copa Davis, transformando o tradicional torneio anual de 118 anos de história em uma competição de uma semana de duração, com a participação de 18 seleções.

Continua depois da publicidade

O plano de reforma recebeu 71,43% dos votos de 120 delegados na assembleia anual da ITF em Orlando, uma ampla maioria em relação aos dois terços necessários para a aprovação.

O presidente da ITF, David Haggerty, apoiou a reforma proposta pelo Kosmos, grupo liderado pelo jogador Gerard Piqué, que voou para acompanhar a votação. O multimilionário japonês Hiroshi Mikitani também respaldou a mudança e prometeu aportar 3 bilhões de dólares em 25 anos para apoiar o novo projeto.

“A Davis tem um potencial enorme. É um dia histórico. Estamos convencidos que o acordo garante seu futuro e o desenvolvimento do tênis em todos os níveis. Tínhamos que recolocar esta competição outra vez no topo do tênis mundial. É o que esperamos. Agora precisamos trabalhar e ver o que querem os jogadores”, declarou Piqué.

Continua depois da publicidade

Haggerty qualificou o plano de reforma de “chave para garantir que a ITF e seus países membro garantam um futuro brilhante para o esporte”.

“Não fazer nada tem um risco. Me sinto muito confortável quanto a isso e não é um risco para a Copa Davis. Estamos fazendo o certo. Não existem ganhadores nem perdedores nisto”, destacou Haggerty.

A reforma também é respaldada pelo multimilionário Larry Ellison, que espera que seu complexo de tênis em Indian Wells sedie a final de 2021, depois das duas primeiras edições serem disputadas na Europa.

Continua depois da publicidade

O formato atual da Copa Davis é uma competição de mata-mata que é disputada em fevereiro, julho, setembro e novembro, alternando visitas e localidades ao redor do mundo. Os países disputam uma melhor de cinco jogos.

Muitos dos melhores tenistas do mundo descartaram participar da competição nos últimos anos, para tentar deixar o intenso calendário um pouco menos carregado.

– Menos sets –

O plano da reforma terá uma final em novembro com 18 equipes: 12 vencedores de eliminatórias, quatro semifinalistas do ano anterior e dois países convidados. As eliminatórias serão disputadas entre 24 equipes com jogos de ida e volta em fevereiro.

Continua depois da publicidade

Os 18 participantes serão divididos em seis grupos de três. Os vencedores avançam para as quartas de final ao lado dos dois melhores segundos colocados. A partir daí, as partidas finais serão em mata-mata e contarão com dois jogos de simples e um jogo de duplas a cada eliminatória.

Todos as partidas foram reduzidas para melhor de três sets.

Haggerty disse que o acordo vai proporcionar cerca de 25 milhões de dólares anuais para as associações nacionais de tênis investirem em apoios de nível local.

Estados Unidos, França, Itália, Espanha e Argentina estão entre os países a favor da reforma. Após aprovação da votação, o presidente da Associação Argentina de Tênis (AAT) explicou em comunicado que aprovou a reforma por entender que a Davis precisava “de uma mudança em seu formato” para “voltar a seduzir” os principais tenistas e “fomentar o crescimento dos menores e o tênis social”.

Continua depois da publicidade

– Calendário “demencial” –

Os principais opositores foram Alemanha, Grã Bretanha e Austrália. O capitão australiano da Copa Davis, Lleyton Hewitt, qualificou a opção como “uma tomada de dinheiro” distante do formato atual.

“Infelizmente, seu plano é uma receita para a morte da Copa Davis como a conhecemos”, considerou a lenda australiana John Newcombe.

Além de solicitar maior clareza sobre assuntos financeiros, a associação britânica expressou preocupação pela celebração do torneio em novembro, estendendo ainda mais o calendário competitivo após o final do circuito ATP.

Continua depois da publicidade

As datas reduziriam a pós temporada, colocando em risco a presença dos melhores jogadores, o apoio do público e o interesse das televisões.

“Para nós, o resultado é uma amarga decepção e nos deixa atônitos”, disse o presidente da federação alemã, Ulrich Klaus.

Complicando ainda mais o panorama, o retorno da Copa do Mundo da ATP foi anunciada para janeiro de 2020, com a participação de 24 times. A “World Team Cup” distribui prêmios e pontos na classificação, sendo disputada na Austrália antes do Aberto da Austrália e apenas seis semanas da reformulada Copa Davis.

Continua depois da publicidade

O presidente executivo da ATP, Chris Kermode, descreveu o calendário como “demencial”.

* AFP