O convite de Dilma Rousseff ao vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD-SP), para que assuma a recém criada pasta da Micro e Pequena Empresa, deve sacramentar a minirreforma ministerial que aproximou a presidente do jeito Lula de governar. Adepta da limpeza ética e com fama de implacável, Dilma agora traz para perto figuras antes rejeitadas com o objetivo de se reaproximar dos aliados e pavimentar seu projeto de reeleição. Trata-se da estratégia usada pelo antecessor.

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> Veja o que está em jogo na minirreforma de Dilma

Nos últimos 15 dias, Dilma promoveu mudanças no primeiro escalão do governo, de olho no próprio palanque da campanha de 2014. Ela reabilitou, por exemplo, o PR, de Alfredo Nascimento, e o PDT, de Carlos Lupi, ministros acusados de corrupção e excluídos da Esplanada dos Ministérios durante a “faxina” promovida pela presidente no primeiro ano de mandato.

Pouco mais de um ano antes do início oficial da campanha, Dilma nomeou ministros que contemplam o desejo de grupos que estavam fora do poder na tentativa de manter ao seu lado partidos que cortejam e são cortejados por nomes como Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), potenciais candidatos presidenciais.

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Para Cardozo, Brasil já respira clima eleitoral

Marcada para hoje às 9h30min, a posse de Cesar Borges (PR) no Ministério dos Transportes foi o penúltimo ato das mudanças. Em seu último dia como ministro, Paulo Sérgio Passos disse que deixa o cargo, que ocupa desde julho de 2011, “satisfeito, feliz e com o coração tranquilo”. Segundo Passos – cotado para ocupar a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) -, a mudança na pasta resulta de uma necessidade de ajustes políticos, “o que é perfeitamente compreensível”.

– Sou um técnico, todos vocês sabem. E fico feliz porque vou colaborar de outra maneira, e o que gosto de fazer é trabalhar – ressaltou.

O último ato da reforma deve ser a nomeação de Afif Domingos para a Micro e Pequena Empresa. A expectativa do governo é de que isso ocorra entre o final deste mês e o início de maio.

Questionado ontem se essa antecipação do debate eleitoral prejudica o governo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se limitou a dizer que a “democracia é assim mesmo”.

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– A agenda eleitoral brasileira é dinâmica. É uma realidade brasileira, é um calendário que tem essas características. Portanto, nada de novo. Ou seja, estamos começando a respirar o clima de 2014 – afirmou Cardozo, que foi coordenador da campanha de Dilma em 2010.