São 11h30min. Um ano atrás, no mesmo horário, o comerciante Miro da Silva estava afoito entre as mesas, cercado de clientes à espera do almoço na lanchonete em que trabalha, na Rua Coronel Aristiliano Ramos, em Gaspar. Na quarta-feira, permanecia solitário entre as cadeiras. Só uma delas estava ocupada. Desde que a reforma da Ponte Hercílio Deeke começou, em setembro passado, o movimento no comércio reduziu 60% e a empresa demitiu dois funcionários pela baixa nos lucros.

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_ As pessoas só têm uma hora para comer e não vêm mais porque perdem tempo no caminho. Gente de fora e vendedores passavam aqui e não passam mais _ reclama Silva.

Na autoescola vizinha, a crise provocou a redução de 80% da clientela, conta a secretária Sheila Flores. A placa do governo federal, implantada na cabeceira da margem esquerda do Rio Itajaí-Açu, informa que o prazo de conclusão da obra é dia 25 de agosto de 2012, exatamente um ano após a assinatura da ordem de serviço.

Passaram-se cinco dias do prazo e os trabalhos nem sequer chegaram à metade. A cada dia de atraso, cresce a revolta dos comerciantes e moradores que dependem da ponte, há uma década com problemas estruturais. Com o trânsito em meia-pista, filas se formam por 300 metros a cada lado da estrutura em horários de pico. Como agravante, as obras da passagem inferior no viaduto da Avenida das Comunidades também estão atrasadas.

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A recuperação da ponte começou dia 10 de setembro do ano passado e um aditivo de tempo foi solicitado ao contrato, que estende o prazo de conclusão para janeiro de 2013. Mestre de obras da Arcos Engenharia, Fábio Amaral garante que até o final do ano tudo estará pronto e o trânsito totalmente liberado.

Engenheiro da prefeitura, responsável pela fiscalização da obra, Edmundo Araújo Junior explica que o atraso ocorreu devido à necessidade de inverter a ordem de execução, que começaria com intervenções na laje. Os trabalhos iniciaram pelas cabeceiras e pela fundação a pedido dos comerciantes, que reclamaram do fechamento parcial do trânsito nas festas de fim de ano.

Como a ponte foi construída na década de 1960, também não havia o projeto original na íntegra e foi necessária a inspeção de um engenheiro em toda a estrutura para adaptar o projeto da reforma.

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_ Além disso, teve uns 30 dias de intempéries, chuva. Com os imprevistos, perdemos um tempo estimado de 90 dias _ calcula Araújo.

A ponte apresentava desníveis na cabeceira da margem esquerda e um dos pilares tinha a estrutura de aço totalmente exposta. Devido à fragilidade, o trânsito para veículos acima de cinco toneladas foi proibido por determinação judicial. Para permitir a passagem dos veículos, o semáforo nas cabeceiras da ponte fica intermitente nos horários de pico e verde nos demais horários, com a orientação dos agentes de trânsito.