A azia é um problema comum em adultos e pode ser um sintoma de uma doença chamada refluxo gastroesofágico. Ela atinge o esôfago, órgão responsável em levar a comida da boca para o estômago, e faz retornar o ácido gástrico causando uma sensação de queimação. Na prática, as pessoas têm uma espécie de válvula no final do esôfago que se fecha quando o alimento passa para o estômago. Quando essa válvula funciona de forma mais frouxa, o ácido pode voltar para esôfago. Às vezes, isso acontece eventualmente quando a pessoa come muito ou deita após uma refeição.
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No entanto, quando o ácido começa a subir demais e a sensação de queimação é mais frequente é recomendável procurar um médico gastroenterologista para realizar uma análise clínica. Outro sintoma muito comum em quem sofre com refluxo é a regurgitação – quando a pessoa arrota e voltam pedaços de comida. Em alguns casos, o refluxo pode ser acompanhado de tosse, asma, bronquite ou irritação na garganta
O diagnóstico da doença é clínico e também podem ser solicitados exames como a endoscopia. Caso o refluxo seja confirmado, o paciente terá de fazer um tratamento, que pode ser clínico ou cirúrgico. O gastroenterologista Paulo Mafra, explica que a parte clínica envolve o uso de remédios que bloqueiam a acidez, mas também pode haver a necessidade de cirurgia.
— Em alguns casos você tem algumas alterações anatômicas, como a hérnia de hiato. O esfíncter está tão frouxo que um pedaço do estômago sobe através do tórax. Isso não tem como o remédio desfazer, então em alguns casos tem que fazer uma cirurgia. A gente acompanha cada paciente e avalia qual o tipo de tratamento — explica.
A professora Marlene Terezinha Zinner, de 50 anos, precisou fazer uma cirurgia para corrigir o problema do refluxo. Ela começou a sentir os efeitos da doença quando tinha cerca de 30 anos. Tinha muita azia e não podia comer nada antes de deitar porque a queimação aparecia com força. A joinvilense foi levando os sintomas por um tempo até procurar um médico e começar a fazer o acompanhamento, além de cuidar da alimentação. Marlene teve que deixar de comer alguns alimentos que faziam mal e passou a beber líquidos mais devagar para ajudar.
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— Foi indo tudo certo, mas quando eu estava com 45 anos começou a intensificar mais. Mesmo acompanhando desta forma e cuidando na alimentação, a queimação era muito forte e tinha muito enjoo. Procurei o médico e ele disse que a opção era fazer a cirurgia — recorda.
Após o procedimento, a queimação deixou de ser um problema para Marlene. No entanto, ela ainda precisa tomar cuidados como evitar bebidas com gás e comer pouco para não inchar demais o estômago. Segundo a professora, a cirurgia ajudou muito e resolveu o refluxo.
— Ter que controlar um pouco na alimentação hoje não é um problema. Antes eu também precisava e continuava com a sensação de queimação — conta.
Os cuidados e complicações do refluxo
O gastroenterologista Paulo Mafra conta que existem cuidados a serem tomados para evitar o surgimento do refluxo. A pessoa precisa manter um peso adequado, fazer atividades físicas regulares, evitar o cigarro ou e outras posturas que podem piorar a situação, como deitar de estômago cheio e ingerir grandes quantidades de líquido durante as refeições.
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Segundo ele, após a refeição e ao deitar são os dois momentos em que o ácido mais sobe para o esôfago causando o refluxo. Depois de comer o estômago fica cheio e a pressão é grande, fazendo com que a acidez suba. Outra situação é quando a pessoa acorda durante a madrugada com queimação e sufocação porque o líquido do estômago está atingindo o esôfago.
— É nesses horários que temos de tomar maior cuidado. Talvez reduzir um pouco o volume da refeição e fracionar mais as refeições ao longo do dia. Para evitar o refluxo noturno temos de evitar deitar em decúbito dorsal (de barriga pra cima) e aquele lanchinho na hora de deitar — detalha.
O refluxo é um problema que tem como ser resolvido, mas a falta de um diagnóstico ou dos cuidados necessários podem levar a complicações mais graves. A pior delas é a alteração nas células do esôfago, que ao receber o ácido ao longo de muitos anos podem sofrer uma metaplasia, conhecida como esôfago de Barrett. É uma condição pré-maligna que facilita o desenvolvimento de câncer.
— Muitas vezes, quando se chega no Barrett, o paciente não tem mais azia e acha que melhorou. Por isso, você precisa cortar essa evolução lá no início e tratar adequadamente. O mais importante é que as pessoas procurem o médico quando começarem a sentir os sintomas — garante.
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A doença
O refluxo gastroesofágico é o retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago. Os alimentos passam pela faringe, pelo esôfago e caem no estômago, situado no abdômen. Entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha para impedir que o suco gástrico entre no esôfago, que não está preparado para receber a substância.
Sintomas
Os principais sintomas são a azia ou queimação e a regurgitação (quando a pessoa arrota e voltam pedaços de comida). Em alguns casos, pode haver tosse, asma, bronquite ou irritação na garganta.
Prevenção
A prevenção acontece ao se manter dentro de um peso adequado, realizar atividades físicas regulares, evitar o cigarro e outras posturas que podem piorar a situação, como deitar de estômago cheio e ingerir grandes quantidades de líquido durante as refeições.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta os sintomas clínicos. A endoscopia é um exame importante para determinar a presença da doença.
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Tratamento
O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O clínico inclui medicamentos que diminuem a produção de ácido pelo estômago. A cirurgia pode ser realizada em alguns casos, como em situações em que há a existência de hérnia de hiato ou esofagite grave.