Esta poderia ser só mais uma história de um sonho que deu certo da noite para o dia. Mas não é tão simples assim. Esta é uma história de sonho que só virou realidade depois de muito trabalho, empenho e principalmente amor. Vinte anos atrás, a garagem da casa de Pépe Sedrez tornou-se palco para os primeiros ensaios da Cia Carona de Teatro, considerada hoje uma das mais talentosas e influentes de Santa Catarina.
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Movido pela paixão, é ao lado dos amigos Fábio Hostert, James Beck, Sabrina Moura e Sabrina Marthendal que ele segue perpetuando o legado dos outros artistas que já passaram pelo grupo. E sustenta: a arte só acontece quando se vai atrás do desejo:
– Ainda é muito árduo o fazer artístico, mas ficar choramingando não vale a pena. Somos bastante críticos a todas as esferas do poder público que não valorizam suficientemente a classe artística, mas isso não pode impedir que façamos a nossa arte. Não esperamos nenhum tipo de paternalismo.
As duas décadas de estrada serão celebradas nesta semana com o Festival Carona 20 Anos de Teatro, evento inédito que começa quinta-feira e segue até domingo em Blumenau. Além de espetáculos da própria Carona e de outros grupos, bate-papos e um sarau teatral integram a programação gratuita (confira no fim desta matéria).
A ideia, segundo Sabrina Moura, é reunir a classe teatral para conversar sobre arte e, ao mesmo tempo, revisitar a história da companhia – que começou em 1995 com os amigos Léo Almeida, Roberto Morauer e Pépe Sedrez e desembocou na Carona Escola de Teatro, que atualmente conta com cerca de cem alunos.
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– Encontrar cinco pessoas que, dentro de suas especificidades e potencialidades, acordam todos os dias escolhendo fazer e ensinar teatro é um grande barato- reflete.
Afinidade que resiste à distância
Antes do sucesso no cinema e nas novelas globais, foi na Cia Carona que a blumenauense Paula Braun deu os primeiros passos na carreira artística. Integrante do grupo de 2001 a 2008, ela diz que sente muito orgulho e faz questão de acompanhar as novidades dos amigos:
– É a referência de trabalho que tenho na minha vida. Foi onde mais pesquisei e aprendi sobre teatro, e o convívio com os meninos foi essencial para a minha formação como artista e pessoa. Gosto de dizer que não saí da Carona, só dei um tempo.
Parceiro do grupo há cerca de 12 anos, o escritor e dramaturgo Gregory Haertel comenta que a afinidade com os colegas só faz crescer. A colaboração começou em 2010, com o espetáculo A Parte Doente. Depois vieram outros trabalhos _-entre eles os sucessos Volúpia e Das Águas -, fazendo evoluir a relação que antes era apenas profissional. O resultado? Uma amizade que, prevê Haertel, se estenderá pelos próximos 20 anos:
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– O Fábio é padrinho do meu filho, o Pépe joga futebol comigo. Sinto muita saudade de todos eles quando passamos algum tempo sem nos ver. No campo artístico, acreditamos num mesmo tipo de arte: intensa, catártica, não acomodada. Continuamos juntos, casados, eu muito apaixonado por eles.
Programe-se para o Festival Carona 20 Anos de Teatro: