Napoleão Bernardes (PSDB) vai na contramão dos prefeitos atingidos pela crise que preferiram não enfrentar a frustração da população com a política nas urnas. Garante que recebeu muitas críticas no primeiro mandato, mas que vai continuar prefeito para executar as obras propostas em sua campanha de 2012. Caso seja reeleito, ele pretende fazer uma nova licitação no transporte público de Blumenau.

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QUEM É

Napoleão Bernardes tem 34 anos e sempre quis seguir carreira política. Formado em Direito, tentou ser vereador em três eleições até ser suplente e depois ser eleito. Não revela planos políticos para o futuro, mas quer se reeleger em Blumenau para consolidar ações que começou no primeiro mandato. Foi suplente de vereador em 2000 e 2004 e eleito vereador em 2008. Venceu a corrida pela prefeitura em 2012. O vice em 2016 é Mário Hildebrandt (PSB) e a coligação é a “Pacto por Blumenau”, composta pelos partidos PSDB, PSB, PRP, PTdoB, PMDB, PV, PP, DEM, PTC, SD, PMB e PTB.

Três curiosidades sobre: Napoleão Bernardes (PSDB)

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Já que o senhor citou que os prefeitos estão passando por um momento difícil, em algum momento chegou a pensar em não concorrer à reeleição?

Nunca pensei. Eu penso que a reeleição é a oportunidade que se tem. Considero que o segundo mandato é quase uma prestação de contas do que foi realizado. Com a recessão, as pessoas se sentem mais frustradas ou com sentimento mais negativo. A reeleição é uma oportunidade para prestação de contas, esclarecimentos e até de suprir essa defasagem que é natural que haja na comunicação de um mandato. Por isso eu nunca pensei em abrir mão da reeleição. Por outro, no modelo brasileiro, as coisas são lentas em termos de burocracia. Então, para se viabilizar uma obra muitas vezes tem o tempo da captação de recurso, tem o tempo de licitação para fazer o projeto de engenharia, aí tem a licitação e então a obra. É demorado. A reeleição é a oportunidade de executar o planejado, todas aquelas ações preparatórias.

A crise vai continuar em 2017, como o seu segundo mandato será melhor do que o primeiro?

Não por ordem de importância, mas, por exemplo, hoje temos uma governabilidade difícil. Nossa coligação elegeu 10 dos 15 vereadores. Então pelo menos 10 dos 15 já apoiam nossos compromissos de governo. Isso é altamente vantajoso. Quando fui eleito em 2012 tinha três de 15. Além disso, tomamos muitas medidas que não são perceptíveis do ponto de vista da população no curto prazo, mas irão gerando paulatinamente mais capacidade de investimento por parte da prefeitura. Todo esse nosso programa de transparência, que tem sido reconhecido no Estado e no Brasil, com prêmios inclusive, são medidas que vão enxugando a máquina pública, reduzindo gastos do custeio, o que vai aumentando gradativamente a capacidade de investimento da prefeitura, que se preparou para esse cenário econômico adverso. Por outro lado, tem um conjunto de projetos de engenharia que estão na fase final de realização. Começamos o novo governo podendo executar fisicamente aquilo que já está em construção entre aspas, na fase dos projetos, mas que ainda não é perceptível pela população. E finalizar obra que iniciamos e o novo sistema do transporte coletivo. Fizemos a ruptura do contrato porque, com um sistema inadequado, deixava a população na mão. Blumenau seria refém disso por mais 12 anos se não fosse nossa atitude corajosa de romper. Estamos vivendo uma fase de transição com um contrato emergencial que já garantiu o salário em dia para motoristas e cobradores. A população hoje não fica na mão, o ônibus passa.

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Essa crise do transporte coletivo, que fez a cidade ficar por semanas sem ônibus, foi o pior momento do seu primeiro mandato?

Foi um dos (piores momentos). Teve momentos muito bons, mas para todos os gestores esse mandato foi muito controverso, complicado, desafiador. Com certeza daqui a alguns anos os prefeitos dessa safra serão lembrados como os que deram conta do recado e serão muito mais reconhecidos do que hoje. É a pior crise que o Brasil enfrenta desde que começou se medir o índice da evolução da economia. Isso afeta as contas públicas. Então, além de ficar com a pior parte da receita, tem atrasos do governo do Estado, atrasos do governo federal, cada vez vem mais responsabilidades para os municípios, e o recurso continua concentrado na União. Foi um mandato conturbado para os prefeitos em geral. Em Blumenau, tivemos muito mais condições de realizar do que muitas prefeituras em virtude de termos se antecipado à crise. Reduzimos secretarias no primeiro dia de governo, cortamos quase uma centena de cargos de confiança no primeiro ano, fizemos licitação ao vivo, controle das compras públicas também, uma série de medidas de contenção que nos permitiram manter os compromissos. Mas há mais por fazer porque eu quero a reeleição.

E o fato da Piracicabana estar envolvida em investigações de irregularidade?

O Ministério Público de Blumenau já tem pelo menos sete manifestações e todas elas com teses favoráveis à ação que a prefeitura teve. Pelo tamanho dessa empresa, do ponto de vista emergencial, ela era a única que tinha condição de naquele curto espaço de tempo atuar aqui. Quanto a Blumenau, não há nenhum questionamento, nenhuma denúncia, não há nada em relação a esse contrato emergencial. A relação jurídica da empresa com outros municípios precisa ser analisada em outra instância. Cada qual tem que fazer a sua análise, a sua investigação. Não se pode generalizar uma situação em que há denúncias pontuais. Esse é um contrato emergencial. O que vai fazer a divisão de águas é a nova licitação e as empresas do Brasil todo poderão participar. E se não fosse essa empresa, quem viria? A cidade iria ficar sem sistema nenhum de transporte coletivo ou ficaria com um falido? Na condição emergencial era a empresa com porte, com tamanho de atuar. Em uma semana, a empresa admitiu 1,1 mil pessoas que estavam com os salários atrasados, antecipou o vale-alimentação a todos eles e está com o salário em dia. Trouxe 190 ônibus para Blumenau em uma semana e 240 em um mês. Quem teria essa condição?

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Em sua campanha de 2012 o senhor defendeu muito o chamado ¿choque de gestão¿. Foi possível fazer e ficar satisfeito com essa mudança na administração? O que ainda tem para ser feito?

Eu recebi um prêmio que, para um profissional do direito, é relativamente inédito. Eu sou advogado, vinculado portanto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os administradores são vinculados ao Conselho Federação de Administração (CFA), que tem um prêmio para o gestor público do ano. E é raríssimo que seja concedido para alguém que não seja formado em administração. O prêmio de gestor público do ano foi concedido a mim este ano, justamente pelo nosso pacote de transparência e de profissionalização da gestão. A Esag (Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, da Udesc) fez um concurso de boas práticas administrativas em órgãos públicos municipais do Estado. E coube a Blumenau o prêmio de melhor prática de gestão justamente pela transparência e profissionalização. Aquele compromisso assumido está honrado. A ação foi conforme a pregação.

Uma das grandes diferenças entre as duas candidaturas em 2012 era o traçado da ponte do centro. Havia um projeto já aprovado pelo BID e o senhor apresentou um novo traçado, porém, não conseguiu tirá-lo do papel. Continua acreditando que o seu traçado é o melhor?

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Não é uma questão de exclusão. O traçado original estava previsto num financiamento internacional do BID com um projeto de arquitetura. Assim que assumimos mandei fazer o projeto de engenharia da ponte norte-sul, que foi a que propus. E, avançando nos estudos técnicos, se percebeu que elas não eram conciliáveis. Eu fiz poucas declarações sobre esse assunto para que a polêmica não atrasasse ainda mais o desenvolvimento da cidade. Por isso preferi apanhar calado e fui trabalhando certinho para que gerasse mais resultado para a cidade. Divulgando pouco, apanhando muito, para buscar o melhor resultado para a cidade. Se entendeu tecnicamente que a ponte do BID (ligação da Rodolfo Freigang com a Rua Chile) deveria ser acoplada a um projeto maior. Sobre a ponte original havia um projeto de arquitetura, mandei transformar em um de engenharia, que está na fase final. Estando pronto eu vou encaminhar ao BID para que financie a ponte da Rodolfo Freigang com a Chile, com o prolongamento da Chile e o binário da República Argentina e assim fica uma obra completa. Em paralelo a isso, no tratado que eu propus, fizemos o projeto de engenharia, está pronto e fomos atrás de recursos e viabilizamos um financiamento da Caixa, chamado PAC Mobilidade. Mas também se entendeu que isso só não basta, é preciso ter um estudo de como otimizar melhor o trânsito na região sul, que é a do Garcia. Isso está sendo denominado projeto estrutural corredor sul, está na fase de projeto de engenharia. Então, a ideia é executar as duas pontes.

O senhor acha que escolheu mal seu vice-prefeito no primeiro mandato? Jovino hoje é filiado ao PSD, partido do seu oponente na eleição, e faz campanha para ele inclusive. O que deu errado?

Nada. Ele trocou de partido.

Mas poderia ter esperado a eleição. Haveria outros caminhos…

A minha relação pessoal com ele é tranquila e ele tinha o desejo de disputar o mandato de vereador. Ele sempre foi muito bem votado na cidade. E ele teve muita dificuldade de encontrar abertura em partidos pelas votações expressivas que fez. Teve oportunidade de filiação no PSD. É simplesmente uma questão partidária.

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Como o seu vice (Mário Hildebrandt) vai atuar no seu mandato, já que agora o vice-prefeito não tem mais salário?

Essa é a menor das minhas preocupações. Justamente por ele ser um político completo e com muita experiência eu quero que ele atue comigo, como um agente muito ativo, na construção do governo. Ele é polivalente.

Como o senhor vai conseguir acomodar 15 partidos na base governista?

Princípio não se negocia. Quem está comigo, está porque acompanhou minha forma de fazer gestão e entrou na coligação por opção e sabe dos meus compromissos inegociáveis em termos de transparência e enxugamento da gestão. Eu tenho hoje no meu secretariado muitos que à época nem sequer tinham votado em mim. Tem outros que nem estavam na minha coligação em 2012. Mas são pessoas qualificadas para as funções. Meu critério nunca foi esse. Não foi uma composição no toma lá dá cá. Nem uma composição partidária em troca de espaço político. Foi uma composição de lideranças políticas e que acreditaram na nossa forma de fazer gestão.

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O senhor poderia explicar por que o nome de sua coligação nesta eleição é Pacto por Blumenau?

União, soma e esforço de quem deseja construir o melhor para a cidade.

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