Após uma série de informações desencontradas durante esta terça-feira, o governo federal fixou à noite a data de 5 de fevereiro para começar a valer a redução de 20,2% do custo médio da energia no país. E o corte nas tarifas, avisou a presidente Dilma Rousseff, poderá ser ainda maior, dependendo de resultados de novos estudos.
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Para os consumidores residenciais, a redução na fatura prevista será, inicialmente, de 16,2%. No caso das indústrias, o abatimento na conta pode variar de 19,4% a 28%.
O Ministério de Minas e Energia chegou a informar à tarde que a diminuição da conta chegaria a partir de janeiro. No final do dia, preferiu situar a validade do benefício “no início de 2013”, mas à noite confirmou a data definitiva. Os cálculos que poderão dar alívio ainda maior às famílias e aos empresários serão feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas a expectativa de conclusão é em março. Para a presidente, empolgada com as possíveis repercussões na economia, a iniciativa marcará época.
– Esses números são números que me permitem dizer que eu não estou cometendo nenhum exagero ao afirmar que nós estamos tomando uma medida histórica – disse Dilma.
A redução da conta de luz abre caminho para diminuir os custos de produção do setor e melhorar a competitividade das fábricas, além de deixar mais renda na mão dos consumidores e contribuir para frear a inflação. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defendeu que os empresários repassem a diminuição do custo ao preço final dos produtos.
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– Vai depender de setor para setor, mas certamente a sociedade será muito beneficiada – avaliou.
Projeções da CNI indicam que a medida fará o custo de produção da indústria cair de 2% a 4% no país.
O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base, Paulo Godoy, lembrou que a renovação dos contratos de geração, transmissão e distribuição de energia traz mais segurança ao setor elétrico.
– As empresas terão mais condições de planejar e tomar decisões de longo prazo – analisou.
A Aneel também confirmou que revisará ainda no primeiro semestre as tarifas de todas as distribuidoras, inclusive as que não estão incluídas no pacote de renovação das concessões.
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As novas tarifas de geração e transmissão, que ainda serão calculadas pela Aneel, significarão um desafio para a CEEE, confirmou ontem o presidente do grupo, Sérgio Dias. O impacto dos preços menores recairá sobre a CEEE-GT, voltada à geração e transmissão e o braço mais lucrativo da estatal. Cerca de um terço do parque gerador da companhia terá as concessões renovadas. Na transmissão, supera 90%.
– Teremos de estar mais focados nos custos de operação e manutenção. Até agora olhávamos mais a comercialização – afirma.
A CEEE-D, distribuidora, também passará pela renovação de concessões, mas será afetada porque apenas repassará os preços e pode ainda se beneficiar de um aumento do consumo, entende Dias. As outras duas grandes distribuidoras do Estado, AES Sul e RGE, têm contratos válidos até 2027.
DE ONDE SAI
Como a conta vai cair 20,2% em média (inclui indústrias e residências):
7%: diminuição do peso dos encargos que encarecem a conta de luz
A Reserva Global de Reversão (para novos empreendimentos) e a Conta de Combustíveis Fósseis (para custear térmicas no norte do país) serão extintas. A Conta de Desenvolvimento Energético, que subsidia programas como o Luz para Todos, será reduzida a 25%. Em troca, a União aportará R$ 3,3 bilhões por ano.
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13,2%: renovação das concessões
Empreendimentos como usinas já pagaram o investimento ao longo do tempo e agora poderiam cobrar tarifas mais em conta. No caso da geração, são 20 contratos de concessão com vencimento de 2015 a 2017 que serão renovados (20% da produção de energia do país). Na transmissão, são nove (67% do sistema interligado nacional), e na distribuição, outros 44 (35% do mercado). Os contratos serão renovados por mais 30 anos para hidrelétricas, linhas de transmissão e distribuidoras, e 20 anos para térmicas.