As redes sociais foram a maior fonte de informação para os jovens. Se a televisão mostrava um protesto com vandalismo, as redes sociais mostravam uma polícia violenta com os manifestantes. É assim que Pedro Henrique Muniz, de 17 anos, explica como se interessou pelos protestos e procurou mais informações.
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– Eu sempre fui contra tudo o que o governo faz com o Brasil. Tirar dinheiro da educação, saúde e investir neles mesmos para autopromoção. Eu vi a manifestação como uma oportunidade dar voz ao povo. Este protesto é a chance que tenho de levar essas questões que eu tenho adiante – explicou.
Ele conta que ele e os amigos reclamavam muito de tudo no Facebook, mas que faltava as pessoas saírem do computador e irem para as ruas. Sua mãe incentiva que ele participe de todas, mas pede para ele ligar depois e contar como foi. Já a sua avó, uma senhora de 81 anos, é mais animada com os protestos. Acompanhou tudo pela rádio na terça e a primeira coisa que perguntou no dia seguinte foi se tinha sido tão lindo quanto falaram na transmissão.
– Foi indescritível. Quando a gente chegou na Mauro Ramos foi lindo ver todo mundo gritando “sem violência”, vendo um pessoal muito educado nas ruas. Na hora que eu subi o elevado e fechei a ponte pensei que isso não podia ser verdade. Demorou muito pra cair a ficha – contou Pedro.
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Esta opinião é compartilhada pelo amigo André Luiz Vieira, de 17 anos, que o acompanhou na marcha tanto na terça quanto na quinta. Para ele, os protestos nacionais mostram que todos queremos um Brasil melhor.
– Quando vi, achei magnífico. Nunca pensei que o país iria chegar a esse ponto. Eu já tinha perdido as esperanças de que o povo enxergasse algo por trás das farsas políticas – disse André.
E qual o papel das redes sociais nisso tudo?
– Um benefício é que ela ajuda a organizar os protestos, como na Primavera Árabe. As redes sociais trazem informações, desmentem a mídia, mas o povo tem que também saber usá-la pra que se torne uma arma a seu favor no manifesto – comentou André.
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Pergunto ao Pedro por que aqui é chamado de protesto e lá fora é primavera:
– Nosso povo sempre se vê menor do que os outros. Eles estão revolucionando o país! Como aqui é uma coisa menor, as pessoas veem de forma diferente, coisa de “baderneiro”. Ainda não podemos comparar os protestos à Primavera Árabe, mas a gente só está no começo.
Nesta semana as passagens abaixaram em várias cidades, mas os dois estudantes do Colégio Antonio Peixoto garantem que vão continuar lutando por mais. A principal causa realmente já não é os #20centavos, mas a possibilidade real de ajeitar o Brasil e deixar um país melhor para os filhos e netos. Uma herança sem preço.