Experimente procurar no Twitter o prefeito, o vereador ou o deputado em que você votou. É provável que ele esteja lá – e também que outra faceta dele surja estampada sob aquele passarinho azul.
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Popular o suficiente para qualquer pessoa acessá-lo, mas ainda com baixa penetração se comparado ao rádio e à TV, o Twitter mantém uma particularidade: não exige terno e gravata nem discurso decorado. Essa espontaneidade, claro, pode servir para o bem ou para o mal.
– Cada vez mais os políticos aderem ao Twitter para atingir um novo público. Mas ainda acreditam que o impacto de suas declarações será pequeno. Por isso, muitas vezes se expressam de maneira que, em outras circunstâncias, evitariam – diz a professora Maria do Socorro Braga, especialista em comunicação política da Universidade de São Carlos.
Ela ressalta que as tuitadas ganham propagação maior quando outros meios de comunicação decidem repercuti-las. Dificilmente o deputado federal Romário (PSB-RJ), por exemplo, chamaria uma pessoa de imbecil e burra se estivesse em frente a câmeras de televisão – no microblog, ele fez.
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Os catarinenses no microblog
Como em outros estados, os políticos catarinenses também colocam “a boca no trombone” na ferramenta, seja para desabafar, como no caso de Leonel Pavan (PSDB), quando diz “por eu falar o que muitos gostariam de falar, acabo arcando com uma responsabilidade que não é só minha, portanto, também vou me calar e esperar a hora”, em 18 de março.
Há os “compulsivos”, como no caso de Kennedy Nunes (PSD). “Mais um dia! Saindo agora da universidade. Amanhã finalizo. Calor hoje aqui em Madri. Boa noite!”, no dia 29 de março
No dia seguinte… “Olá gente. Quase terminando aqui. Vamos a ultima sessão. FOI SHOW! Estudar SEMPRE é bom. Aqui, 15h33 e estamos no intervalo. Abc”. Em seguida: “Gloria a Deus! +1 passo importante em minha vida política! Terminei aqui em Madri! Volto melhor, mais preparado e com vontade de fazer MAIS!”.
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O governador do Estado, Raimundo Colombo, se mantém contido, fala essencialmente sobre a rotina de governo de Santa Catarina. “E agora em Lontras assinaremos convênios com o município para investimentos em pavimentação de ruas e drenagem pluvial”, escreveu no dia 30 de março. “Agora em reunião com o ministro Mantega. Pauta: as mudanças na alíquota do ICMS dos importados. Finalizando a reunião atualizo vocês”.
Em resumo, o microblog até pode beneficiar o político – mas também pode expor seu calcanhar de aquiles. Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Vera Chaia ressalta que os assessores se fazem cada vez mais necessários:
– Afinal, o Twitter dá uma nova visibilidade ao homem público. E a visibilidade é uma faca de dois gumes: ou você aparece bem ou você expõe todas as suas fraquezas.
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– No Twitter, nada é segredo. Tudo fica gravado na pedra durante anos. Nem sempre as pessoas têm esta noção – conclui Alessandro Barbosa Lima, sócio-diretor da E.life, empresa especializada em pesquisas em redes sociais.
Sem papas na língua – Leonel Pavan (PSDB)
O exposto – Derly de Anunciação