O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) é o candidato à presidência mais seguido nas redes sociais. Como base de dados, foram analisados os números de quatro redes sociais: Instagram, Tik Tok, Twitter e Facebook. Lula e Ciro ficam em segundo e terceiro lugar.
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Diante desse cenário, é possível perceber a importância que Jair Bolsonaro possui nas frentes digitais de engajamento. Não à toa o candidato à reeleição tem utilizado essa estratégia para conquistar novos seguidores – e, claro, eleitores também. Quem contribui para essa percepção dos dados é o Doutor em Comunicação e Linguagens, Moisés Cardoso.
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Conforme o especialista, esse número expressivo de seguidores pode, inclusive, ter sido um dos ingredientes responsáveis pela vitória nas urnas de Bolsonaro em 2018. Cardoso explica que sem a internet e com apenas oito segundos de propaganda na televisão e rádio, o atual presidente não teria se tornado um rosto conhecido e votado pelos brasileiros quatro anos atrás.
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A análise do especialista ainda vai além: os números “inflados” das redes sociais ajudam os eleitores a sentirem-se parte do movimento representado pelo candidato. E esse sentimento de inclusão pode, justamente, ajudar na transformação de “seguidor” para “eleitor”. E, em outro nível, pode também fazer com que o “eleitor” seja um novo “engajador” de mais e mais eleitores. Esse movimento tende a acontecer, segundo Marcos, quando os discursos de seguidores e candidatos passam a convergir.
— A gente [o eleitor] tem aquele sentimento de não desperdiçar o voto. Ninguém quer fazer com que o seu voto seja em vão. Então, quando eu tenho uma vitrine, como é na rede social, que aparentemente está “bombada” de seguidores, eu me sinto parte de algo muito maior. E isso é da própria natureza humana.
Entretanto, o especialista também faz um alerta importante: os dados de seguidores, em alguns casos, não representam a união somente de usuários reais. Perfis fakes e robôs, por exemplo, fazem parte desta conta e precisam ser considerados quando queremos medir a relevância de cada conta na plataforma.
Arraste para o lado e veja números de seguidores em cada plataforma por candidato
O velho desafio da esquerda nas mídias sociais
De um lado, o movimento de direita conservadora representado por Bolsonaro tem grande habilidade de engajamento via redes sociais. De outro lado, a esquerda representada por Lula e até mesmo a centro-esquerda de Ciro Gomes mostram a pouca afinidade destes candidatos com as plataformas. No olhar de Moisés Cardoso, inclusive, essa dificuldade em utilizar as plataformas digitais é uma característica dos movimentos sociais mais alinhados a esta visão política.
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Como exemplo, Cardoso cita um experimento interessante feito durante as eleições de 2018. Em uma sala com 28 alunos do curso de Jornalismo, ele pediu para que os estudantes procurarem os perfis e os sites dos planos de governo dos candidatos à presidência no segundo turno. Ou seja, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Em poucos segundos, os jovens eleitores encontraram todos os dados do então candidato pelo PSL. Já para encontrar as informações do petista demoraram mais tempo — muito mais. O professor até se lembra: 2 minutos e 1 segundos.
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— Então, pensem, se temos alunos de comunicação que, em teoria, estão se preparando para trabalhar neste mercado, se eles têm essa dificuldade, imaginem o eleitor leigo. Então, nós percebemos essa dificuldade que já é histórica da esquerda em não utilizar o potencial da internet. Isso é um movimento histórico, a gente sente essa dificuldade — analisa o especialista.