A faixa de areia da Barra Sul, na Praia Central de Balneário Camboriú, amanheceu coberta de peixes mortos na sexta-feira. Os animais eram todos da espécie peixe-galo, que é comum no Litoral brasileiro. O fenômeno teria ocorrido pelo rompimento de uma rede de pesca artesanal, que despejou os animais no mar. Até a tarde, mais de 300 quilos de peixes haviam sido recolhidos e encaminhados ao aterro sanitário, em Itajaí.

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O pescador Enildo Custódio diz que os peixes-galos haviam sido capturados pela rede que ele e sua equipe arrastaram um dia antes, após terem cercado o que imaginavam ser um cardume de tainhotas. Ao puxar sentiram, pelo peso da rede, que haviam pescado algo a mais. A cerca de 30 metros da costa a rede se rompeu, e parte dos peixes foi perdida. Ainda assim, três toneladas de pescado chegaram à praia _ a maioria peixes-galos jovens, com pouco valor de mercado.

_ Não percebemos que era peixe-galo porque ele fica no fundo. Se eu tivesse visto teria soltado, porque não vale a pena _ diz Custódio. Os peixes que chegaram com a rede foram doados a moradores. Os que vieram à praia depois, porém, não puderam ser aproveitados. Doutor em Ciências Naturais e pesquisados do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP), Paulo Ricardo Schwingel, diz que a hipótese mais provável é que os peixes-galos que escaparam da rede tenham morrido em decorrência da pesca. Sem conseguir nadar, eles não movimentam as brânquias e não respiram, o que leva à morte por asfixia.

Embora o volume de peixes mortos tenha assustado quem passava pela Praia Central, segundo Schwingel não se trata de um crime ambiental, já que o peixe- galo tem a pesca permitida. Mesmo assim, a Secretaria de Meio Ambiente de Balneário está apurando o caso. A secretária Nena Amorim esteve com os pescadores e presenciou os danos à rede na sexta-feira à tarde.

_ Resolvemos investigar para conferir se não houve descarte intencional de peixe miúdo, mas ficou comprovado que a rede arrebentou. Até agora não há indícios de irregularidade _ afirma.

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Peixes estavam próximos da costa, diz especialista

Pescador há 25 anos, Enildo Custódio diz que estranhou ter encontrado um cardume de peixes-galos tão perto da costa. A observação é compartilhada pelo pesquisador Paulo Ricardo Schwingel, da Univali. Segundo ele, embora os filhotes costumem ficar mais próximos da costa, a espécie em geral vive acima do local onde foi localizado o cardume, a 200 metros da praia.

_ É estranho, mas pode acontecer de chegarem mais perto. Dependendo das condições do mar, os cardumes podem ser empurrados _ explica.

Embora tenha a carne apreciada, o peixe-galo não é alvo de captura da frota industrial, já que é pouco reconhecido no mercado. No ano passado, de acordo com estatísticas do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP), apenas uma tonelada do peixe foi capturada pela pesca industrial _ a maioria, entre os meses de janeiro e fevereiro.