Marina Silva, que ficou em terceiro na disputa presidencial, encontra dificuldades de convencer a Rede Sustentabilidade de apoiar a candidatura do tucano Aécio Neves. Apesar da cúpula do seu projeto de partido já ter decidido que, dado o cenário atual, esse seria melhor caminho, a base da Rede, em grande parte formada por pessoas mais jovens, ainda resiste em se aliar ao PSDB.
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Em reunião da Executiva Nacional da Rede na noite de terça-feira, que durou mais de quatro horas, o único consenso a que conseguiram chegar é que não há como apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
– A posição é pela não continuidade do atual governo. Nós queremos uma mudança, mas uma mudança qualificada, com conteúdo, com substância – disse o deputado licenciado Walter Feldman, que coordenou a campanha e é porta-voz nacional da Rede.
Neutralidade não é opção
Feldman disse também que neutralidade não é uma opção, pois o grupo entende que a alternância de poder é algo fundamental à democracia e que o PT deu golpes muito duros ao atacar Marina durante a campanha e ao evitar a criação formal da Rede Sustentabilidade, no ano passado.
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– Não podemos deixar em aberto também, como se querer o PT fosse uma opção. Temos que tirar uma posição – afirmou.
Se, para quem olha de fora do grupo, rejeitar Dilma e descartar a opção de neutralidade seriam uma indicação evidente em direção ao apoio a Aécio, essa visão não foi aceita ainda na reunião da Executiva de terça-feira. Feldman admitiu que ainda há uma resistência forte à menção direta do nome do tucano, tanto que não foi possível colocar o nome de Aécio no documento indicativo que será levado da Executiva, composta por 24 membros, para o Diretório Nacional da Rede, de 120 membros, na reunião desta quarta-feira.
– A decisão não está madura para isso – avaliou Feldman.
Além da Rede, os demais partidos que compuseram a coligação de Marina no primeiro turno também decidem suas posições individuais nesta quarta para levar a uma reunião das lideranças da coligação na quinta-feira.
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Os principais argumentos de resistência ao tucano são a consideração de que o partido não sinaliza avanços na área social e o argumento de que os tucanos, assim como os petistas, trabalharam para desconstruir a imagem de Marina durante a campanha. Além da questão central de a coligação de Marina e a própria Rede terem se fundado no conceito de terceira via, contra a polarização tradicional de PT e PSDB.
Nos bastidores, membros da Rede ligados à cúpula marineira admitem que a demora em haver uma definição mais clara se deve aos processos internos de decisão – o grupo trabalha com o conceito de consenso progressivo, em que se chega às decisões por convencimento em torno de ideias e não por votação tradicional, mas que a tendência é a Rede acabar seguindo Marina no apoio ao tucano.
– Há toda uma ‘ritualística’, mas é apenas uma questão de tempo o apoio ao Aécio – disse um membro da Executiva.
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