Há pouco mais de um ano para o início da Copa, Manaus ainda tenta organizar um problema que incomoda há décadas a população e os turistas que visitam a capital do Amazonas: a falta de calçadas no Centro Histórico. Com um projeto que promete amenizar o problema pré-aprovado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a cidade tenta se organizar para receber melhor os visitantes durante os jogos.
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Em uma região que abriga diversos monumentos históricos, a Igreja da Praça da Matriz, maior templo católico da cidade, quase não é vista devido à enorme quantidade de camelôs à volta. São vendedores de roupas, verduras, frutas, artesanatos e cosméticos. Até mesmo fotografias para documentos são feitas no local. Há anos a prefeitura tenta retirar os ambulantes. A última tentativa foi o anúncio de um camelódromo provisório, em março de 2011. O local escolhido, entretanto, não agradou os mais de 2 mil ambulantes cadastrados.
Desde janeiro de 2012, a prefeitura realiza reuniões com os ambulantes para definir novos locais para os camelódromos. As soluções apresentadas pela administração são as construções de centros de compra em pontos neutros na área central e também em bairros mais populosos. A ideia não é bem vista pelos vendedores ambulantes, que não aceitam deixar a área central.
– Trabalho nesse ponto há 20 anos. É daqui que tiro meu sustento e o da minha família. Aqui é passagem para todo mundo, todo dia eu vendo. Se sair daqui, vamos ter que esperar o povo ir lá no camelódromo. Mas será que eles vão lá? Eu tenho medo de sair daqui, mesmo sabendo que a cidade fica feia desse jeito, mas nós temos que trabalhar – disse o vendedor Raimundo Gomes, 46, que ocupa um espaço de três metros quadrados na movimentada Praça da Matriz.
Parte da população considera necessária a retirada das inúmeras barracas das calçadas.
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– Andar aqui no centro é desafio, não sei o que é pior: se passar pelas barracas ou correr o risco e ir pela rua. Por mim, podem tirar todos daqui. Se eu precisar dos produtos vou até onde eles estiverem – relata a vendedora Martha Simões.
Especialistas também concordam com a remoção dos camelôs do centro da cidade.
– Manaus ainda é pequena se comparada aos grandes centros, então podemos fazer varias adequações que o povo acostuma. A descentralização é a melhor alternativa. O centro esta lotado, não cabe mais nada. A construção de um camelódromo nas proximidades vai ajudar a resolver a ocupação irregular das calçadas. Mas acredito que pequenos centros de compras nos bairros são a grande solução – explica Jaime Kuck, professor de arquitetura na Ulbra de Manaus.
Há pelo menos quatro associações representando os ambulantes do centro da cidade, que se dividem entre a saída ou permanência nas calçadas. Um projeto para realocar os vendedores ambulantes em galerias e em shopping populares de maneira provisória já foi entregue ao Iphan pela recém-criada Secretaria de Municipal Extraordinária para Requalificação do Centro, que tem a missão de solucionar o problema. O plano tem como objetivo conseguir parcerias de empresas privadas para administração dos espaços. Segundo informações da secretaria, as conversas com os trabalhadores estão avançando de maneira positiva.
Ministério Público Federal e Estadual também já avaliaram o projeto e sinalizaram positivamente à iniciativa da prefeitura. A secretaria trabalha com um prazo de inicio das mudanças provisórias de seis meses a três anos para os locais definitivos. Os trabalhos devem iniciar em julho, inicio do verão amazônico. A promessa é de que o trabalho de recuperação e construção de novas calçadas seja finalizado antes do Mundial.
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