A suspensão do acordo para comprar o Twitter anunciada por Elon Musk na manhã desta sexta-feira (13) pode indicar que o bilionário vai desistir do negócio, como foi ventilado desde o início, mas também pode ser apenas uma estratégia para ganhar tempo e conseguir novos financiadores para o seu plano.

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As apostas são de especialistas brasileiros do mercado financeiro, que não foram unânimes na análise.

Segundo o bilionário, a compra depende da confirmação do número de usuários com contas de spam ou falsas na rede. Horas depois do anúncio, ele afirmou ainda estar “comprometido com a aquisição”.

A notícia, dada pelo empresário na própria rede social que está negociando, abalou o mercado: as ações do Twitter despencaram em Wall Street, chegando à queda 18% nas negociações pré-abertura. Já a principal empresa de Musk, a fabricante de carros Tesla, acumulava alta de 6,9% no começo da tarde, após semanas de queda.

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—Só o que caiu na Tesla, pelo risco de o Elon Musk efetivamente tirar o olho de dono de um negócio para colocar em outro, vai gerar um prejuízo cavalar — afirma Thiago Lobão, fundador da gestora Catarina Capital. — Não compensaria em nenhum momento uma aquisição do Twitter.

Há pouco no Vale do Silício, ele diz que a grande crença ali é em uma especulação “bem no perfil do Elon Musk”.

A compra ainda transformaria o seu rol de empresas em algo muito heterogêneo. O Twitter, um software de comunicação, passa longe dos objetivos da Tesla, que trabalha com energia e automóvel, e da SpaceX, focada em transporte espacial.

— Está cada vez mais claro que a aquisição do Twitter foi muito mais um movimento especulativo do que qualquer outra coisa — afirma Lobão.

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Para o analista da Toro Investimentos João Vítor Freitas, “ele pode estar querendo ganhar tempo” para achar outros financiadores.

Segundo a Reuters, pessoas familiarizadas com o negócio afirmam que Musk teria se comprometido a pagar uma multa caso o acordo fracassasse por motivos não relacionados a problemas de financiamento.

> Quem é Elon Musk, o bilionário que comprou o Twitter

O valor seria de US$ 1 bilhão, mas não está claro como tal cláusula se aplicaria na situação atual.

— Uma notícia dessas, que leva a uma desvalorização, não abre a possibilidade de ele comprar mais ações no mercado por um preço mais baixo. O próprio órgão regulador nos Estados Unidos veria isso como uma manipulação — afirma Cesar Crivelli, sócio da Nord Research.

Apesar disso, o analista não acredita em uma desistência.

— Ele já colocou bastante energia, tanto no sentido de negociar quanto de conseguir todas as linhas de financiamento que estão atreladas ao patrimônio pessoal dele, em grande parte — afirma. — Eu acho que é mais o Elon Musk sendo ele mesmo. Ele gosta desse barulho, dessa atenção.

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