O massacre de Srebrenica, pelo qual Radovan Karadzic é acusado de genocídio ante o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), ficará gravado na memória da humanidade como o símbolo do maior massacre cometido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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Vinte pessoas estão processadas pelo TPII.
– Fatos –
Durante a guerra na Bósnia (1992-1995), a cidade de Srebrenica, de maioria muçulmana, é cercada pelas forças armadas dos servo-bósnios.
Em uma última tentativa de evitar sua queda, as Nações Unidas declaram uma “zona de segurança” neste enclave em abril de 1993, mas cai dois anos mais tarde, na manhã de 11 de julho de 1995.
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A cidade conta então com 42.000 habitantes, incluindo 36.000 refugiados.
Os “capacetes azuis” holandeses, escassamente armados e sem reforço aéreo, se refugiam na base vizinha de Potocari, onde acolhem parte da população de Srebrenica que fugiu dos soldados servo-bósnios. Mas depois fecham as portas a ela, invocando a “situação humanitária”.
Os refugiados, os da base e os de fora, são evacuados posteriormente em ônibus pelos sérvios.
Os homens são separados de suas famílias e conduzidos a escolas ou armazéns vazios. Após algumas horas são levados a campos isolados onde, por pequenos grupos, são executados.
Os sobreviventes são baleados enquanto as escavadeiras começam a enterrar os corpos. Mais tarde, os corpos são transportados a fossas comuns secundárias.
Das cerca de 8.000 vítimas do massacre de Srebrenica, 6.600 foram encontradas, identificadas e enterradas novamente. Uma nova fossa comum foi descoberta em dezembro de 2015.
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A comunidade internacional foi acusada de ter abandonado as vítimas, sobretudo ao não ter aprovado bombardeios aéreos. A Holanda foi julgada responsável civil pela morte de 300 muçulmanos que se refugiaram em Potocari.
– Justiça –
Quatorze condenações, cinco delas por genocídio, foram ditadas por este massacre, e dois julgamentos, contra três homens, seguem em andamento Os magistrados ouviram mais de mil testemunhos, a maioria de vítimas.
PRINCIPAIS CONDENAÇÕES:
– Radislav Krstic, o general que dirigiu o ataque contra Srebrenica, foi o primeiro servo-bósnio declarado culpado por cumplicidade de genocídio. Sua condenação a 35 anos de prisão foi confirmada em apelação em abril de 2004.
– O general Zdravko Tolimir, considerado o braço direito do chefe dos servo-bósnios Ratko Mladic, foi condenado à prisão perpétua em abril de 2015. Este ex-chefe da informação e segurança foi declarado culpado de genocídio, entre outros crimes. Morreu em fevereiro.
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– Em janeiro de 2015, o TPII confirmou penas que variavam de 13 anos de reclusão à prisão perpétua para seis responsáveis de alto escalão do exército e da polícia, incluindo duas condenações por genocídio.
JULGAMENTOS EM ANDAMENTO:
O processo do “alter ego” militar de Radovan Karadzic, Ratko Mladic, segue em andamento.
Em apelação os juízes ordenaram a reabertura do julgamento contra Jovica Stanisic e Franko Smatovic, o ex-chefe dos serviços de informação sérvios e seu adjunto. Ambos foram absolvidos em maio de 2013.
ABSOLVIÇÕES:
O ex-chefe do Estado-Maior do exército iugoslavo Momcilo Perisic, acusado de “ajudar e encorajar” os servo-bósnios a matar e perseguir os muçulmanos, foi absolvido em apelação em fevereiro de 2013.
MORTO DURANTE O JULGAMENTO
O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, que morreu em detenção em 11 de março de 2006 durante seu julgamento, também foi julgado pelo genocídio de Srebrenica.
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bur-mbr/jkb/jmr/pc/ma