Presidente da Acafe e uma das lideranças regionais que batalhou pelo reconhecimento legal das instituições comunitárias, o reitor da Univali, Mário Cesar dos Santos, falou ao Sol Diário sobre a importância e os benefícios da lei, o reflexo no bolso dos acadêmicos e o impacto em outras atividades da universidade de Itajaí.
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Mudanças
“Com o reconhecimento das universidades comunitárias, essas instituições vão ter mais oportunidades de recursos, acesso a editais e relacionamento em termos de parcerias, dentro da perspectiva de ampliação das verbas para educação com o pré-sal. Hoje tudo o que fazemos é com recursos próprios. Agora teremos a possibilidade, por meio dessa lei, de participarmos de parcerias com o governo federal. Catorze universidades de Santa Catarina já são comunitárias, incluindo a Univali. O que estava faltando era um diploma legal, porque as instituições não tinham acesso aos recursos”.
Conceito
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“Universidades comunitárias são formadas por uma fundação ou associação sem fins lucrativos, que pode ser pública ou privada. Em Santa Catarina, as que existem são públicas, criadas pelos municípios. O conceito é não visar lucro e não distribuir patrimônio, que são coisas típicas da iniciativa privada. Essa lei vai fazer a distinção, porque hoje temos apenas as universidades públicas e as privadas. Agora passamos a ter as públicas não estatais, que são previstas como atividade pública mas não dependem predominantemente dos recursos públicos”.
Benefícios
“Primeiro que o fato de sermos distinguidos para a visita da presidente Dilma, para que o ato seja assinado aqui, é um reconhecimento histórico para Itajaí e para a Univali. Sobre a lei das universidades comunitárias, ela vai nos permitir ampliar a captação de verbas com parcerias com o governo federal. Hoje tudo depende apenas dos nossos recursos, vindos das mensalidades. A ampliação do recurso para a educação com o pré-sal e a possibilidade de termos participação nesse processo nos anima muito”.
Débitos
“A Univali de Itajaí e a Unesc de Criciúma são as duas universidades catarinenses que já tinham aderido ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior no ano passado. Essa iniciativa possibilita algumas reduções de custos do débito fiscal que as instituições têm (por meio de plano de recuperação tributária e da concessão de moratória de dívidas tributárias federais) e permite que elas recebam benefício para tratar seus débitos passados. Em 2012, a Univali conseguiu reduzir as multas em 40% e agora em 2014 esperamos a eliminação dos 60% restantes. Nas demais universidades, que poderão ingressar no projeto a partir do próximo ano, acredito em redução próxima de 50% nos débitos”.
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Mensalidades
“Hoje tenho uma planilha de custos, em que para adquirir um computador preciso avaliar a compra com base nas mensalidades. Na medida que tenho acesso a recurso do governo federal, futuramente não preciso mais dispender das mensalidades. O reconhecimento das comunitárias reduz meu custo de manutenção, faz com que se absorva menos do valor pago pelos alunos e isso reflete até na efetiva redução dos custos da nossa mensalidade – além da ampliação dos serviços socioassistenciais. Teremos o reflexo principalmente a partir de 2015, quando começa a maior aplicação dos recursos”.
Contrapartida
“As universidades devem preencher uma série de requisitos para serem comunitárias, como a aplicação dos recursos na prestação de serviços gratuitos à população (programas permanentes de extensão e ações comunitárias voltados à formação e ao desenvolvimento dos alunos e da sociedade, entre outras ações). A Univali atende a todos os itens, mas muitas instituições vão precisar de algumas adequações”.
Bolsas de estudo
“A cada 10 alunos da Univali, nove pagam mensalidade e um tem bolsa de estudo integral. Em um universo de 21,5 mil acadêmicos de graduação, temos 2.430 alunos com bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) e 2.731 com financiamento estudantil. À medida que consigo mais recursos por meio do governo federal, é possível reduzir o custo de quem paga e aumentar a concessão de bolsas”.
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Pequeno Anjo
“A situação do Hospital Pequeno Anjo não tem grandes mudanças. Essa lei é de gestão comunitária para a educação, então o Pequeno Anjo é um capítulo à parte. Claro que conforme a Univali ganha mais fôlego, todas as atividades se beneficiam, mas o hospital não tem relação direta. Do ponto de vista da repercussão indireta, vai atingir, mas o hospital não tem necessariamente conotação de ensino, embora seja usado nas aulas práticas de alguns cursos”.