Horas antes de se iniciarem as negociações de paz entre israelenses e palestinos em Washington, o governo americano anunciou ontem que Martin Indyk será seu moderador no difícil diálogo.

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Indyk, um judeu de 62 anos, foi o arquiteto da política americana na região durante o governo de Bill Clinton e serviu como embaixador do seu país em Israel entre 1995 e 1997 e entre 2000 e 2001.

Indyk, nascido em Londres e criado na Austrália, tem a vantagem de ser um grande conhecedor da diplomacia na região. Viveu em um kibutz (fazenda coletivistas, de filosofia socialista) durante a Guerra do Yom Kipur, em 1973, e cresceu com a ideia de que a paz no Oriente Médio não só é necessária como é possível. Trata-se, aliás, de uma frase que ele pronuncia recorrentemente e que foi lembrada por jornais como o espanhol El País:

– Faz 40 anos que tenho a convicção de que a paz é possível.

As negociações de paz diretas entre israelenses e palestinos são retomadas após um período de congelamento de quase três anos (desde setembro de 2010). A primeira decisão tomada pelas duas partes é de estabelecer um prazo de nove meses, de acordo com o departamento de Estado americano.

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– Trata-se do início de negociações diretas com base em um calendário de pelo menos nove meses. Vamos fazer todos os esforços para obtermos um acordo durante este período, mas não se trata de uma data limite – declarou Jennifer Psaki, porta-voz do Departamento de Estado.

Os preparativos para o encontro, sob clima geral de ceticismo, provocaram manifestações otimistas. A principal veio do presidente americano, Barack Obama, que pediu honestidade e boa fé a israelenses e palestinos.

“O mais difícil ainda está por vir nestas negociações, e espero que tanto israelenses quanto palestinos tratem estas negociações com boa fé, com determinação e interesse”, declarou Obama, em comunicado.

O governo israelense também saudou a retomada do processo de paz.

– É um dia muito especial – disse o presidente de Israel, Shimon Peres.

As primeiras reuniões têm como objetivo “desenvolver um plano de trabalho que determinará como as partes procederão as negociações nos próximos meses”, segundo o Departamento de Estado dos EUA.

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As negociações serão dirigidas pela ministra de Justiça israelense Tzipi Livni e pelo chefe dos negociadores palestinos Saeb Erakat, com a presença permanente de funcionários dos governos dos dois países.

Como prova da fragilidade do início das negociações, está a decisão do governo israelense, anunciada no domingo, de libertar 104 prisioneiros palestinos detidos antes dos acordos de Oslo de 1993, que foi bem recebida pela Autoridade Nacional Palestina, mas que provocou fortes reações em Israel.

Acompanhe abaixo como e quando foram as últimas tentativas, com a participação dos Estados Unidos, de negociações para garantir a paz entre Israel e Palestina.