Foi lançado em Florianópolis o polo da EJA (Educação de Jovens e Adultos) Recicladores. Um total de 35 pessoas poderão se alfabetizar ou concluir o ensino fundamental. As aulas serão ministradas no espaço da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR), no bairro Itacorubi, que funciona em galpão anexo ao Centro de Valorização de Resíduos (CVR) da Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap). A iniciativa é da Secretaria Municipal de Educação.
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Para o projeto, uma sala de aula foi reformada e organizada pelos próprios recicladores. As atividades ocorrerão sempre das 17h às 20h, na segunda, quarta e quinta-feira.
No primeiro segmento, que visa a alfabetização e tem como princípio educativo a leitura, há oito matriculados. Vinte e sete estudantes estão no segundo segmento, que tem por objetivo a pesquisa. Esse segmento permitirá aos trabalhadores finalizarem o nono ano do ensino fundamental.
A Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR) de Florianópolis foi fundada em 1999 por imigrantes vindos da região oeste de Santa Catarina, que deixaram a vida no campo e o trabalho na colheita de erva-mate em decorrência das difíceis condições de vida na área rural.
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Esses imigrantes trocaram a escola pelo trabalho ainda quando crianças, resultado de uma vida marcada por desigualdades e injustiças sociais.
— Para muitos deles, retomar os estudos era um sonho distante, guardado com carinho no coração e nas memórias da criança que se viu forçada a trabalhar desde muito cedo — comenta a pedagoga Gabriela Albanás Couto, doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com pesquisa sobre o lugar da educação nas trajetórias sociais destes catadores.
Seis irmãos e um destino
Moacir, 42 anos; Volmir, 40, Ivanir, 37; Sarajane, 35; Tânia, 29; e Fabiana, 22 anos. Todos são irmãos e estão matriculados no Polo EJA Recicladores. A família é natural de Chapecó e está em Florianópolis desde os anos 1990. Volmir Rodrigues dos Santos, conhecido como Preto, é o presidente da Associação de Coletores.
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— A nossa vida é bem corrida. A gente levanta bem cedo para a lida — afirma Volmir. Ele acrescenta que os irmãos e os demais trabalhadores tinham dificuldade para ir a escola em outro lugar. — Então, a escola veio até a gente com a EJA. É uma coisa muito bacana.
Volmir tem vários sonhos, um deles é chegar à universidade, quer cursar Engenharia Mecânica.
— Eu vou conseguir.