A sensação de falta de perspectiva da população com o destino econômico de Portugal está crescendo. Medidas como o aumento de impostos recolhidos na fonte (que será notado nos pagamentos de salários no fim deste mês) e a diminuição dos gastos sociais, analisadas pelo governo com auxílio do FMI (Fundo Monetário Internacional), estimulam esse sentimento, afirmou o cientista político André Freire.
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Os cortes deverão ser anunciados em fevereiro, agravando a recessão e o pessimismo dos portugueses, que começam a acompanhar pelos jornais e pela televisão movimentos políticos em favor da antecipação das eleições parlamentares, previstas para outubro de 2015. Na prática, isso precipita o fim do governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata.
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), atualmente na oposição, deputado António José Seguro, observa que Pedro Passos Coelho “ainda é primeiro-ministro de Portugal, mas é cada vez menos primeiro-ministro dos portugueses. Seguro fez a declaração nesta sexta-feira, durante debate entre governo e oposição na Assembleia da República, na sessão que antecedeu a votação de projeto de resolução sobre a criação de uma comissão reforma do Estado.
O primeiro-ministro estava presente e garantiu que cumprirá o mandato. Passos Coelho e criticou a oposição. Segundo ele, o PS (que o antecedeu) ‘chora lágrimas de crocodilo’ e tem responsabilidade sobre a crise econômica.
– Durante muitos anos, alguém quis que o Estado gastasse mais para que alguém pagasse no futuro. Estamos a pagar, mesmo que tenhamos perda de receita – defendeu-se o primeiro-ministro.
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Enquanto os políticos se enfrentam, os indicadores econômicos do país pioram. Segundo o Boletim Econômico do Banco de Portugal (Banco Central) publicado nesta semana, “as projeções apontam para uma contração de 1,9% por cento do Produto Interno Bruto em 2013”. Ano passado o PIB do país registrou queda de 3% em 2012.