Recém-entregue, conjunto habitacional de Jaraguá do Sul está com rachaduras e goteiras

Ao chegar no bloco cinco do condomínio Dante Minel, no bairro Ribeirão Cavalo, de Jaraguá do Sul, é possível sentir cheiro de gás nas escadas. O risco que o vazamento pode causar é fato que os moradores tentam esquecer para conseguir viver tranquilos.

O edifício, entregue há menos de um ano para 32 famílias, já coleciona reclamações. Ele faz parte do Programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, Prefeitura e Construtora Sul Brasil, de Blumenau.

A dona de casa, Dileta Bertol Klaus, de 51 anos, é uma das moradoras descontentes com a obra. No apartamento dela, um vazamento formou uma goteira perto de uma lâmpada há cerca um mês.

– Temos medo que possa dar um curto circuito. Pusemos um pote de margarina para que as gotas não caíssem em cima da gente – destaca.

Fora a goteira, fissuras passaram a fazer parte de alguns cômodos.

– A empreiteira veio reparar as rachaduras há uns dois meses, só que já está voltando. Mas o que mais nos preocupa é o vazamento de gás – diz.

O processo burocrático das reclamações do Dante Minel funciona assim: o morador entra em contato com o síndico dos nove prédios, que encaminha para a construtora. Segundo o síndico Clemilson José Lopes, os engenheiros da construtora ajudam quando recebem as reclamações.

Tanto ele, quanto o engenheiro responsável pela obra, Ademir Loes, dizem que o problema de goteiras foi apontado por mais de um morador. Eles garantem que até sexta-feira um técnico deve aparecer para resolver a situação.

– Para outros problemas, os moradores precisam informar o síndico para formalizar o pedido. E, para algumas questões temos que chamar equipes especializadas – esclarece Ademir.

O engenheiro destaca, ainda, que problemas como rachaduras e infiltração são comuns em condomínios do porte do Dante Minel, mas que não apresentam riscos e não afetam a estrutura.

– Por isso, estamos toda a semana na área para fazer manutenção ou verificando as situações. Os apartamentos têm cinco anos de garantia – avisa.

De acordo com o síndico, os bombeiros chegaram a ministrar uma palestra sobre vazamento de gás para os moradores interessados em fevereiro e verificaram todos os prédios. – O problema é que vira e mexe um morador fuça e volta o problema. Agora, contratamos uma empresa que irá cuidar disso – diz. ?

O morador Maicon Hundemann, de 24 anos, chegou a sair de casa por causa das rachaduras nos cômodos, da umidade e do mofo. O seu apartamento, que fica no quarto andar, teria ajudado a causar problemas respiratórios na filha de um ano e meio que morava com ele.

– O prédio está todo rachado e a estrutura já mexeu muito além do normal. Tenho medo de morar aqui – ressalta o jardineiro.

Ele diz que está morando no sítio do avô por causa do problema.

– Quero voltar para a casa, só que pra isso preciso ter certeza da segurança no lugar que moro – diz.

Ele conta que fez reclamações na Prefeitura e na Caixa Econômica.

– Ninguém justifica nada – acrescenta.

O síndico Clemilson José Lopes diz que recebeu as reclamações de Maicon e que os técnicos da construtora foram verificar o problema há duas semanas, mas não teriam conseguido entrar no imóvel.

– Se ele quiser que resolvam, pode me procurar que repasso problema novamente. Com certeza alguém virá – sugere.

Vera Lúcia Damaya, de 47 anos, moradora do bloco 3, também reclama que o apartamento em que mora está cheio de mofo e o forro começou a rachar na lavanderia.

– A gente limpa o mofo e volta tudo – comenta.

Segundo a secretária de Habitação, Salete Walz, a responsabilidade da Prefeitura com o condomínio é somente até o momento da entrega das chaves. Ela diz que a secretaria participa do Programa Minha Casa, Minha Vida organizando e selecionando as famílias, a implantação da tubulação e a isenção de impostos de alvarás e licenças.

– Mesmo assim, quando as reclamações chegam até nós, fazemos questão de repassar para a construtora – reforça.