No aniversário de um ano da posse do primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, a palavra de ordem é “tamarrod”- rebelião, em árabe.
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Nesta segunda-feira, centenas de milhares de pessoas protestaram contra o governo de Mohamed Mursi, ocupando os arredores do palácio presidencial e da Praça Tahrir, símbolo da mobilização que derrubou a ditadura de Hosni Mubarak em 2011.
A campanha do movimento Tamarrod, apoiado por personalidades da oposição laica, liberal ou de esquerda, que convocou os protestos de ontem, afirma ter conseguido 22 milhões de assinaturas – mais que os 13,2 milhões de votos obtidos por Mursi em junho de 2012 – a favor de eleições antecipadas. Os adversários acusam Mursi de autoritarismo e islamização do governo. Seus simpatizantes, porém, afirmam que a legitimidade está assegurada na primeira eleição livre da história do país, e acusam a oposição de planejar um golpe. A manifestação de ontem seria a maior desde a queda de Mubarak.
Apoiadores do governo também marcharam
Em contrapartida, centenas de milhares de apoiadores de Mursi também marcharam, evidenciando a polarização entre os egípcios. O primeiro ano do governo Mursi foi marcado por crises, especialmente durante a elaboração da nova Constituição, apoiada pelos islâmicos, mas que dividiu o país.
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O presidente não conseguiu fazer frente aos problemas econômicos e sociais, além de comprar briga com o Judiciário, a polícia e os meios de comunicação. Em um discurso na semana passada, Mursi afirmou ser vítima de conspiração:
– Como poderia o melhor dos líderes fazer grandes realizações em uma atmosfera venenosa como esta? Em um ano, ocorreram 4,9 mil greves e 22 chamados para protestos massivos. Os ex-colaboradores do regime deposto estão conspirando para o colapso do Estado.
Desde quarta-feira, atos de violência em Alexandria e nas províncias do Delta do Nilo, entre partidários e opositores de Mursi, deixaram oito mortos, incluindo um estudante americano. Nesta segunda, em todo o país, opositores cercaram escritórios da Irmandade Muçulmana, grupo religioso islâmico a que pertence Mursi, e jogaram coquetéis molotov na sede, no Cairo.