Os rebeldes iemenitas huthis afirmaram nesta segunda-feira (4) que o ex-presidente Ali Abdullah Saleh, com o qual estavam em conflito, foi morto durante combates na capital, Sanaa. Horas depois, um líder do partido de Saleh confirmou sua morte.

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“O ministério do Interior (controlado pelos rebeldes) anuncia o fim da milícia da traição e a morte de seu líder (Ali Abdullah Saleh) e de alguns de seus elementos criminosos”, indicou a televisão dos huthis, Al-Massirah, citando um comunicado das autoridades rebeldes.

“Ele caiu em martírio, defendendo a República”, declarou, por sua vez, Faïka al-Sayyed, uma líder de seu partido, o Congresso Popular Geral (CPG). Ela atribuiu a morte aos rebeldes huthis.

Fotos e vídeos, aparentemente feitos por rebeldes, circulavam nas redes sociais, mostrando o que parece ser o ex-presidente, aparentemente sem vida, com um corte profundo na cabeça.

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Um vídeo mostra ele sendo carregado em um cobertor florido, o rosto imóvel e a camisa ensanguentada.

Um fotógrafo da AFP conseguiu se aproximar da residência do ex-presidente em Hadda, distrito ao sul da capital, mas não conseguiu entrar.

Ele constatou que a residência foi muito danificada pelos combates.

Ali Abdullah Saleh presidiu o Iêmen por 33 anos antes de ceder o poder em 2012 sob pressão das ruas.

Em 2014, ele se aliou aos rebeldes xiitas huthis apoiados pelo Irã para assumir o controle de Sana antes de anunciar a ruptura da aliança há alguns dias. Após o fim da aliança, líderes huthis o ameaçaram de morte.

A crise entre Saleh e os huthis pelo controle das finanças e pelo poder, agravada por suspeitas de contatos secretos entre o ex-presidente e a Arábia Saudita, degenerou na capital iemenita, que eles controlavam juntos há mais de três anos.

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Os combates entre esses ex-aliados deixaram pelo menos 100 mortos ou feridos nos dois lados desde a quarta-feira passada, de acordo com fontes da segurança e hospitalares.

No sábado, Saleh declarou que estava disposto a abrir “uma nova página” com os sauditas, que se tornaram seus inimigos nos últimos anos.

Saleh foi presidente da República do Iêmen de 1990 até 2012. Antes disso, presidiu a República Árabe do Iêmen (Iêmen do Norte) de 1978 até a unificação do país.

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– Reconquista e anistia –

Aproveitando o caos na capital, o presidente iemenita Abd Rabbo Mansur Hadi, cujo governo opera a partir de Aden, decidiu agir e tentar reconquistar a cidade.

“O presidente ordenou seu vice-presidente Ali Mohsen Al Ahmar, que está em Marib (leste de Sanaa), a dar início à marcha das tropas para a capital”, anunciou um membro do seu gabinete nesta segunda-feira.

Com as tensões regionais entre a Arábia Saudita e o Irã como pano de fundo, o governo de Hadi, apoiado militarmente desde março de 2015 por uma coalizão liderada por Riad, acusa Teerã de apoiar os huthis. Para ele, Sanaa está sob “influência persa”.

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O Irã nega qualquer envolvimento militar no Iêmen.

A operação anunciada nesta segunda-feira, “Sana la Arab”, consistiria em tomar a capital a partir de diferentes frentes, principalmente do leste e nordeste, de acordo com a mesma fonte.

De acordo com fontes militares pró-governo em Marib, sete batalhões receberam a ordem de se dirigir para a capital pela frente leste.

Com o objetivo de enfraquecer os huthis, o governo Hadi anunciou sua intenção de oferecer “uma anistia geral e total” a todos aqueles que deixarem de colaborar com esses rebeldes.

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“O presidente irá propor uma anistia geral para todos aqueles que colaboraram com os huthis e decidiram se retrair”, disse o primeiro-ministro iemenita, Ben Dagher, em um discurso em Aden, a grande cidade do sul controlada pelo governo reconhecido pela comunidade internacional.

A guerra no Iêmen já causou mais de 8.750 mortes desde a intervenção da Arábia Saudita e seus aliados em março de 2015, em um país que atravessa a “pior crise humanitária do mundo”, segundo a ONU.

Nesta segunda, a coalizão árabe liderada por Riad pediu aos civis de Sana que se afastem das zonas rebeldes, informou o canal de televisão saudita Al Ekhbariya.

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Os civis devem permanecer “a mais de 500 metros” de distância das áreas controladas pelos rebeldes huthis, indicou o canal.

Essa informação poderia significar que a coalizão se prepara para intensificar os ataques aéreos em Sana.

De acordo com os habitantes, os combates iniciados na quarta-feira entre facções rivais da rebelião espalharam-se para fora da capital.

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* AFP