Os rebeldes xiitas huthis reforçaram nesta terça-feira seu controle sobre a capital iemenita, Sanaa, depois de terem matado seu ex-aliado, o ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que tentava fugir da cidade.
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Os residentes de Sanaa informaram sobre choques de menor intensidade entre os huthis e os partidários de Saleh, mas esses confrontos não alcançaram a magnitude dos combates que sacudiram a capital durante os últimos cinco dias.
Ao menos 234 pessoas morreram e 400 ficaram feridas nos confrontos, informou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Os huthis instalaram novos postos de controle em toda a cidade. “Declaramos o fim das operações de segurança e estabilização da situação”, afirmou o dirigente rebelde Saleh al Samad.
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Segundo rumores, inúmeros seguidores de Saleh dentro do exército e no governo rebelde foram presos.
O falecido líder conservou a lealdade de várias unidades de elite no exército depois que teve de abandonar o poder em 2012, em função dos protestos populares iniciados durante a Primavera Árabe.
Na segunda-feira, os rebeldes anunciaram que Saleh foi morto durante combates na capital.
Ali Abdullah Saleh presidiu o Iêmen por 33 anos antes de ceder o poder sob pressão das ruas.
Em 2014, ele se aliou aos rebeldes xiitas huthis apoiados pelo Irã para assumir o controle de Sanaa antes de anunciar a ruptura da aliança há alguns dias. Após o fim da aliança, líderes huthis o ameaçaram de morte.
A crise entre Saleh e os huthis pelo controle das finanças e pelo poder, agravada por suspeitas de contatos secretos entre o ex-presidente e a Arábia Saudita, degenerou na capital iemenita, que eles controlavam juntos há mais de três anos.
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Os combates entre esses ex-aliados deixaram pelo menos 100 mortos ou feridos nos dois lados desde a quarta-feira passada, de acordo com fontes da segurança e hospitalares.
No sábado, Saleh declarou que estava disposto a virar “uma nova página” com os sauditas, que se tornaram seus inimigos nos últimos anos.
Saleh foi presidente da República do Iêmen de 1990 até 2012. Antes disso, presidiu a República Árabe do Iêmen (Iêmen do Norte) de 1978 até a unificação do país.
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Aproveitando o caos na capital, o presidente iemenita Abd Rabbo Mansur Hadi, cujo governo opera a partir de Aden, decidiu agir e tentar reconquistar a cidade.
Com as tensões regionais entre a Arábia Saudita e o Irã como pano de fundo, o governo de Hadi, apoiado militarmente desde março de 2015 por uma coalizão liderada por Riad, acusa Teerã de apoiar os huthis. Para ele, Sanaa está sob “influência persa”.
O Irã nega qualquer envolvimento militar no Iêmen.
A guerra no Iêmen já causou mais de 8.750 mortes desde a intervenção da Arábia Saudita e seus aliados em março de 2015, em um país que atravessa a “pior crise humanitária do mundo”, segundo a ONU.
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bur/mh/kir/srm/gm.zm/cn/cc
* AFP