O ano começou com aumentos de preços não só para o consumidor, mas também com fortes pressões de custos em vários segmentos da indústria. Os reajustes incluem embalagens de papelão, entre 3,5% e 10%; aço, de 5% a 8%; resinas plásticas, entre 6% e 15%; cobre (4,5%) e náilon (5%), além do frete, pressionado recentemente pela alta do diesel e da entrada em vigor da lei do motorista, apontam os empresários da indústria.

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O movimento de alta no custo dos insumos ganha força em várias cadeias de produção e deve ter reflexos mais nítidos nos preços dos bens duráveis, como geladeiras e carros. Isso pode ampliar as pressões inflacionárias ao longo do semestre e reduzir a contribuição dada pelos bens duráveis nos últimos anos para segurar a inflação. Tudo, sem considerar a volta da cobrança integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) desses produtos, prevista para julho.

– A última alta expressiva dos bens duráveis no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi em 2005, de 3,03%. Nos anos seguintes ocorreu deflação, exceto em 2010. Em 2012, os preços dos duráveis caíram 3,47%. Minha projeção para este ano é de uma elevação de 2% – prevê o economista da LCA Consultores, Fábio Romão.

O preço do carro novo teve deflação por cinco anos seguidos, segundo dados do IPCA. Em 2012, a queda foi de 5,7%. A expectativa de Romão para este ano é de aumento de 3% no preço do carro zero.

As siderúrgicas sinalizaram aumentos nos preços do aço, insumo básico para a produção de vários bens duráveis. O setor de autopeças está sob pressão desde o início do ano. Fabricantes e distribuidores de aço pedem 8% de aumento.

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– Estamos negociando, mas a intenção das usinas é aplicar o reajuste neste mês – afirma um executivo do setor de autopeças que está em processo de negociação e por isso pede para não ter o nome revelado.

Também há negociações com produtores de cobre, que pedem 4,5% de aumento, de náilon (5%) e de embalagens de papelão (de 3,5% a 10%, dependendo da especificação do produto). O polipropileno já subiu 6,2% em janeiro e o alumínio, 0,54% no início deste mês. Ainda há a demanda das empresas privadas de coleta seletiva de lixo industrial, que pedem 10% de aumento.

– Há várias pressões de custos – afirma o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.

Além do aço, Kiçula aponta aumentos de preços nas resinas plásticas, embalagens de papelão, frete e o reajuste dos salários dos trabalhadores acima da inflação.

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– A boa notícia vem da redução da tarifa de energia. Mas ela representa entre 1% a 2% do custo de produção da indústria de linha branca – afirma Kiçula.