A negociação do piso regional de Santa Catarina chega nesta terça-feira a um patamar inédito desde que o salário mínimo estadual foi implantado, em 2010. Pela primeira vez em seis anos, as discussões avançam até a quinta rodada e entram nas últimas semanas de março sem um acordo. Na proposta mais recente, patrões oferecem 9,6% de reajuste e alegam dificuldades por conta da crise econômica, enquanto os trabalhadores querem 13,5% – ou pouco mais de 2% de ganho real diante de uma inflação acumulada de 11,28% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2015.

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Dos cinco Estados que adotam mínimo regional, dois já têm reajuste definido

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que atua do lado laboral, estima que de 500 mil a 1 milhão de trabalhadores sejam afetados direta ou indiretamente pelo piso regional, que engloba apenas a iniciativa privada. O órgão leva em consideração as categorias que aguardam o mínimo para fechar as próprias convenções.

A primeira conversa para o reajuste de 2016 ocorreu no início de dezembro do ano passado, com sindicatos pedindo 15% e entidades patronais dispostas a dar 6%. Quatro rodadas de negociações e três meses depois, os números já estão mais próximos, mas ainda não agradam completamente a nenhum dos lados.

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A nova tentativa ocorre nesta terça em Florianópolis, na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a partir das 13h30min. Representantes dos empresários também ponderam que o melhor é chegar a um acordo por negociação direta, já que, se isso não acontecer, o Executivo tem prerrogativa de determinar o valor do reajuste e encaminhar para aprovação na Assembleia Legislativa sem debates envolvendo os maiores interessados no aumento.

— Nos outros quatro Estados em que existe o piso regional, em geral, não há negociação. É o governador que envia o novo valor à Assembleia. Aqui sempre houve conversa, mas agora está mais difícil em razão de todo o cenário econômico. Acredito que há uma sensibilidade para que tenhamos um acordo, até por respeito às pessoas qualificadas que participam das negociações — diz o presidente da Câmara de Relações Trabalhistas da Fiesc, Durval Marcatto Júnior.

Os trabalhadores também defendem que a melhor saída é chegar a um acordo entre as partes:

— Quanto à crise, não somos nós que temos que pagar a conta. Mas parece que há uma disposição e esperamos fechar acordo, até porque se for direto para a Assembleia, foge da nossa alçada. Muitos parlamentares não estão por dentro do assunto e seria mais demorado — diz o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fetiesc), Idemar Antonio Martini.

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Conforme José Álvaro Cardoso, supervisor técnico do Dieese em SC, essa tem sido a negociação mais longa e difícil da história:

— Avaliamos que o patronal pode subir um pouco. Do nosso lado, também há margem para ceder. Mas não será aceita proposta abaixo da inflação.