Em vigor há uma semana, o novo valor do salário mínimo – R$ 622 – vai influenciar diretamente 3,74% dos domicílios joinvilenses, que, segundo o Censo 2010, ganham mensalmente o valor estipulado como base pelo governo federal. Mas se engana quem pensa que o reajuste de 14,13% no salário mínimo – que chega aos bolsos em fevereiro – vai ser sentido apenas na vida de quem depende apenas dele.
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Na maior economia de Santa Catarina, o ganho real de 7,5% no mínimo deve trazer dois sentimentos opostos para a classe empresarial: dor de cabeça e alegria. O supervisor técnico do Dieese em Santa Catarina, José Álvaro de Lima Cardoso, acredita que o reajuste será usado como um forte argumento de sindicatos de trabalhadores nas negociações dos pisos salariais.
– Os sindicatos costumam fazer pressão para transferir o ganho real do salário mínimo para os pisos. Como houve esse ganho real significativo, os trabalhadores que possuem piso vão querer ter essa conquista também, ainda que não seja algo fácil, pois há uma resistência patronal muito grande -, avalia.
Para o trabalhador, é comum medir se seu salário é vantajoso a partir de quantos mínimos ele equivale. Também é comum parar para pensar se seu salário aumenta tanto quanto as contas que não param de chegar neste começo do ano, lembra José Álvaro.
Em Joinville, o impacto do reajuste do mínimo pode ser considerado positivo, pois leva vantagem sobre as variações de tributos, como o IPTU, que foi de 6,97%, ou de serviços, como transporte público, que ficou em 6,91% (veja o gráfico).
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A expectativa é de que o dinheiro que deve ser injetado na economia joinvilense a partir do aumento do mínimo e das consequências nos bolsos dos demais assalariados faça aquecer o consumo. E é neste ponto que a classe empresarial deve comemorar.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) joinvilense, José Manoel Ramos, diz que as empresas vão passar por duas etapas. Na primeira, vão sofrer com o impacto nas folhas de pagamento e nas negociações salariais. Mas depois da tempestade, o horizonte é de que o aumento possa contribuir para que 2012 seja, pelo menos, parecido com o ano passado.
– O dinheiro acaba fomentando o comércio e consequentemente toda a economia. Vai influenciar principalmente as classes C e D. Este aumento é fundamental para o crescimento das vendas e para que possamos igualar ou até mesmo superar o resultado de 2011.
O professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, diz que o efeito mais imediato é o gasto no comércio.
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– Falamos de R$ 47 bilhões sendo injetados na economia brasileira, o que permite que as famílias de renda ligada ao salário mínimo tenham um aumento expressivo do poder de compra -, explica.
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