Ainda não passou, mas vai passar. Poderia ser um refrão de Nando Reis, mas era a situação de distribuidoras e revendas de Blumenau ontem, um dia após a Petrobras anunciar o aumento de 6,9% no gás liquefeito de petróleo (GLP) para uso residencial – o popular gás de cozinha. Em três estabelecimentos consultados pelo Santa os valores ainda não haviam mudado, permaneciam em R$ 65 para retirada e de R$ 72 a R$ 75 com entrega. No entanto, como os estoques comprados hoje já tiveram como base o novo preço, a previsão é de que entre amanhã e sexta-feira o clássico botijão de 13 quilos fique ainda mais pesado para o consumidor final quando o caminhão da musiquinha passar na frente de casa. Os novos preços ainda não foram fixados, mas estimativas dos proprietários apontam que o valor para venda no balcão possa chegar a R$ 69.

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Para piorar a situação, nem bem os revendedores digeriram a informação do reajsute e receberam mais um peso sobre os ombros, quando na tarde de ontem a Petrobras anunciou aumento também do gás industrial, aquele do bujão alto de 45 quilos, usado em condomínios e restaurantes. A alta será de 7,9% a partir de hoje. Nesse caso, como os estoques costumam ser menores, os preços que até ontem eram em média de R$ 250 (sem entrega) e R$ 280 (com entrega) devem subir já amanhã.

A estatal alegou que os dois aumentos se baseiam na variação dos preços no mercado internacional. No entanto, os revendedores se queixam que esta já é a terceira elevação no preço do gás somente em setembro. Sem ter como assumir esse aumento e também com dificuldade para repassar isso a um consumidor que já vem com medo de girar os botões do fogão, os revendedores precisarão dançar miudinho, como num passinho do funk Ó o Gás, para conseguir contornar o impacto deste novo aumento.

– O mercado está estagnado, as pessoas já reduziram muito o consumo comprando comida em restaurante, esquentando água em chaleira elétrica, micro-ondas, optando por outras fontes para aquecimento. E nós também já reduzimos o custo ao extremo. É difícil absorver mais este aumento, mas como vamos repassar isso? – questiona Emir Kades, que trabalha em uma revenda de gás no bairro Fortaleza.

– Está complicado, assim muita gente vai desistir da revenda de gás. Para absorver isso não dá mais porque já está no limite. E nossa preocupação é que no próximo dia 5 possa vir um novo aumento, como tem acontecido – alerta Sidnei Despesell, gerente de uma distribuidora.

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Entidades da região confirmam prejuízo para o setor de serviços

Dados da Associação Nacional de Petróleo (ANP) mostram que hoje há 56 revendas habilitadas para venda de GLP em Blumenau. No Estado são seis distribuidoras. O presidente-executivo do Sindicato das Revendas de Gás de Santa Catarina (Sinregas/SC), Jorge Magalhães de Oliveira, avalia como negativo e desproporcional o reajuste definido pela Petrobras, por ser acima dos índices de inflação.

– Existe uma pressão a nível nacional para a Petrobras ser mais criteriosa porque a economia e o consumidor não estão mais absorvendo isso, há um limite. É o pior momento que estou vendo do setor de GLP, e estou há 42 anos trabalhando com isso – frisa.

O gás industrial, que teve reajuste confirmado somente ontem, é vendido a condomínios, bares, restaurantes e indústrias. A presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Blumenau e Região (Sihorbs), Tatiana Honczaryk, confirma que o produto pode representar até 10% dos custos de estabelecimentos como hotéis e restaurantes e que isso pode dificultar mais as coisas sobretudo para empreendimentos pequenos, que já tem baixas margens para assumir esses aumentos.

– Os estabelecimentos estão há dois, três anos sem conseguir aumento no ticket médio e nas diárias, estão absorvendo custos há muito tempo sem conseguir repassar isso para o consumidor. O impacto vai ser muito grande – pontua.

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